A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, mostrou-se descontente com o tratamento dado ao novo Código Florestal no Congresso Nacional. Em sua participação no Fórum Biodiversidade Brasil Pós-Cop 10, promovido pela Syngenta e pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável, em São Paulo, afirmou que o debate está nas mãos dos políticos e ainda precisa ser modernizado.
"A discussão do Código Florestal é burra. O desafio não é de um governo. É do estado brasileiro. Não pode ser uma coisa imediatista. Temos pontos importantes ali, mas também áreas nebulosas. Temos áreas consolidadas que não podem ser mexidas. Não vou acabar com parreirais que existem a 100 anos", salientou. Segundo ela, é preciso pensar "nas áreas críticas", aproximar as regras do quadro legal e apostar na agricultura familiar de base.
A ministra também falou sobre o "fantasma climático" que ronda as discussões sobre a 10 Conferência das Partes (Cop 10) da Convenção de Diversidade Biológica. O encontro ocorreu em outubro, em Nagoia, no Japão. "As proposições a partir de Nagoia são tudo ou nada para o Brasil. Temos a preocupação em salvaguardar nossa biodiversidade, e as florestas são a centralidade do debate na agenda econômica. Não estamos apenas perdendo nossos recursos. Estamos perdendo de forma extremamente rápida", completou.
Izabella defendeu a necessidade de uma postura propositiva do Brasil e não reativa, como, segundo ela, são alguns aspectos do Código Florestal. "Precisamos de uma estratégia de gestão. Temos o pré-sal e a biodiversidade que são nossas principais riquezas. Temos que reduzir a biopirataria e, principalmente, mudar as cabeças. Temos que envolver os setores público e privado."
(Por Débora Lucas, Correio do Povo, 12/11/2010)