Após a nova mortandade de peixes no Rio do Sinos na quarta-feira, no trecho entre Novo Hamburgo e São Leopoldo, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semam) hamburguense, com apoio da Patrulha Ambiental (Patram) da Brigada Militar (BM), intensificou a fiscalização nas proximidades do Arroio Luiz Rau. Ontem, duas indústrias foram interditadas, ou seja, não podem produzir, e outras seis notificadas.
O motivo, segundo o secretário de Meio Ambiente Ubiratan Hack, foram os riscos à segurança ambiental. "Nas empresas interditadas, havia problemas na condução de resíduos e vazamentos. As demais não tinham licenciamento." Hack não confirma que a falta de adequação das empresas às regras de segurança ambiental ocasionaram a morte dos peixes, mas acredita que pode ter contribuído. No total, foram 16 empresas vistoriadas ontem.
Diferentes segmentos
As indústrias são de diferentes segmentos, como galvanização (cobertura de superfícies metálicas) e química, produção de pigmentos e corantes. Inicialmente, o secretário Ubiratan Hack optou por não divulgar o nome e o bairro onde estão localizadas as empresas, aguardando definições da reunião com a Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler (Fepam) que ocorre hoje. A Semam voltará nesta sexta-feira às indústrias interditadas e notificadas para entregar o relatório que exige as adequações. Outras 20 empresas do Município devem ser visitadas também.
Fiscalização máxima - Órgãos de proteção ambiental prometem fiscalização máxima nos próximos dias, tanto no rio quanto nos arroios que desembocam no Sinos. A Secretaria Municipal do Meio Ambiente de São Leopoldo (Semmam) garante percorrer o trajeto leopoldense (foto) todas as manhãs verificando a oxigenação da água, enquanto a Fepam e o Comando Ambiental da Brigada Militar pretende intensificar a visita às empresas próximas ao rio no trecho entre São Leopoldo e Novo Hamburgo.
Não há confirmação de morte por contaminação
A relação entre o despejo de um corante azul no Arroio Luiz Rau na segunda-feira e a mortandade de peixes no Rio dos Sinos ainda não foi confirmada. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente hamburguense (Semam) aguarda o resultado da amostra coletada e encaminhada à Fepam. "Precisamos esperar a análise para saber se a substância química pode ser a causadora de danos aos peixes", explica Hack, que pretende cruzar as informações com o resultado das exumações dos peixes, que é feita pelo biólogo da Prefeitura Carlos Normann. "Com a análise do líquido azul, vamos saber como estava a oxigenação, além da carga de metais e de matéria orgânica." Uma empresa suspeita de lançar o produto já foi identificada e autuada em mais de R$ 27 mil. Hack promete agir com rigor caso seja constatado que o líquido azulado tenha provocado a mortandade. "Existe a possibilidade dos responsáveis responderem criminalmente", comentou Hack, que já repassa informações para o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).
Pró-Sinos lamenta série de fatos negativos
Para o diretor-executivo do Consórcio Público de Saneamento Básico da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos (Pró-Sinos), Julio Dorneles, a nova mortandade de peixes no Rio dos Sinos é uma infeliz coincidência. Na terça-feira, os participantes já alertavam sobre o risco de acontecer um desastre ambiental, diante da grave situação do rio. O Pró-Sinos espera para breve o anúncio do Ministério das Cidades de um repasse de R$ 4,7 milhões para as prefeituras elaborarem os planos para o tratamento de água e esgoto, a realização de drenagem urbana e o depósito correto de resíduos. A licitação para contratação de assessoria técnica que terá a tarefa de elaborar os projetos deve ocorrer até o final do ano.
PREOCUPAÇÃO
De acordo com a bióloga do Serviço de Emergência Ambiental da Fepam, Cleonice Kazmirczak, há uma preocupação também com a possibilidade de estiagem. "Vamos pensar em ações para amenizar os prejuízos. Se houver estiagem, o rio fica com nível muito baixo e, como teremos a piracema até o final do ano, a quantidade de peixes aumentará e não terá oxigenação suficiente para todos", explica ela
A poluição também é uma das hipóteses para a mortandade de quarta-feira, já que o Sinos estava com nível 1,4 metro e, com a chuva, as cargas de resíduos orgânicos, como esgoto, que estavam acumuladas nas margens do rio acabaram se misturando às águas
A prefeitura de Novo Hamburgo acena com a destinação de R$ 140,5 milhões em abastecimento de água e tratamento de esgoto. Segundo o prefeito Tarcísio Zimmermann, esse será o maior investimento na área na história do Município. "Cuidar das bacias dos Arroios Luiz Rau e Pampa é fundamental. Já temos obras em licitação." As melhorias devem beneficiar cerca de 205 mil habitantes
VISTORIA
Na manhã de ontem, o secretário de Meio Ambiente de São Leopoldo, Darci Zanini, e o diretor de Fiscalização Ambiental, Luiz Henrique Scharlau, fizeram uma vistoria no leito do Rio dos Sinos e no Arroio Luiz Rau. "Entramos cerca de 500 metros no Arroio Luiz Rau, em Novo Hamburgo, mas não constatamos nada. Também não encontramos mais peixes mortos", contou Zanini.
Feriadão
Darci Zanini lembrou que o episódio da mortandade em 2006 ocorreu depois de uma chuva forte e em um final de semana, quando geralmente não há fiscalização e algumas empresas aproveitam para despejar produtos no rio . "Por esse motivo, como temos um feriadão pela frente, a fiscalização será essencial.’’
(Jornal VS, 12/11/2010)