O trabalho da bióloga Mônica de Oliveira Viana, aluna de mestrado do Programa de Saúde Pública da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), além de avaliar o impacto da poluição na qualidade sanitária de água e areia nos ecossistemas da Baía de Guanabara, busca microorganismos com potencial para uso em processos de biorremediação – utilização de seres vivos ou de seus componentes na recuperação de áreas contaminadas – de derivados de petróleo e dos metais mercúrio e cromo. A aluna é integrante da linha de pesquisa na temática da contaminação microbiológica de areias de ecossistemas, coordenada pela pesquisadora Adriana Sotero-Martins, orientadora do trabalho.
Segundo Mônica, apesar de a Baía de Guanabara ser um ecossistema extremamente produtivo, sofre com a grande quantidade e diversidade de poluentes que são lançados diariamente em suas águas. Dentre os resíduos industriais descarregados estão a carga de óleo e resíduos contendo metais pesados, como mercúrio e cromo, que comprometem seriamente a fauna e flora e a saúde pública. “O tratamento dos efluentes é importante para a preservação do ambiente. Métodos e processos que conjuguem baixo custo e uma alta remoção dos metais pesados estão sendo incentivados. Alguns microrganismos possuem potencial biotecnológico para remediação de ambientes contaminados e estão sendo investigados em nosso trabalho”, explicou.
“O enfoque maior, no meu caso, é na busca de organismos envolvidos na biorremediação – utilização de seres vivos ou de seus componentes na recuperação de áreas contaminadas -, para amenizar impactos causados por metais. Estamos pesquisando, em nível molecular, quais organismos têm genes envolvidos na resistência a metais pesados”, disse. Cepas de leveduras isoladas da água, areia seca e areia úmida de praias, que sofrem grandes impactos na região foram testadas quanto ao seu potencial de emulsificação e resistência aos metais cromo e mercúrio. Após análises nos laboratórios da Ensp e da Uerj, 50% das cepas testadas apresentaram atividade emulsificante, sendo possível, desta forma, identificar microorganismos com potencial para uso em processos de biorremediação dos derivados contaminantes.
Os resultados ainda são preliminares, e a pesquisadora Adriana Sotero-Martins está fazendo uma parceria com a Fiocruz Amazônia, em Manaus, uma vez que o meio ambiente amazônico é extremamente afetado pelas indústrias da Zona Franca. “Queremos encontrar bactérias resistentes nesse tipo de ambiente e que possam biorremediar praias impactadas por poluentes. Apesar da correnteza dos rios serem muito fortes, o que aumenta a capacidade de regeneração da região, nos períodos de seca a poluição pode comprometer a saúde da população”, explicou a pesquisadora.
(Informe Ensp/Agência Fiocruz de Notícias, EcoDebate, 11/11/2010)