Abolir subsídios para combustíveis fósseis impulsionaria a economia, o meio ambiente e a segurança energética mundial, disse a Agência Internacional de Energia (AIE) na terça-feira se referindo a uma promessa feita pelos países do G20.
Líderes mundiais se comprometeram em Pittsburg em 2009 a acabar, a médio prazo, com os subsídios para combustíveis fósseis. Um encontro do G20 em Seoul esta semana deve trazer atualizações sobre o assunto.
“Erradicar os subsídios melhoraria a segurança energética, reduziria emissões de gases do efeito estufa e a poluição do ar, e traria benefícios econômicos”, comentou a AIE em seu relatório anual World Energy Outlook.
O relatório estima que tais subsídios foram da ordem de US$ 312 bilhões em 2009, principalmente em países em desenvolvimento, em comparação com US$ 57 bilhões em subsídios para energias renováveis.
O auxílio aos fósseis está a caminho de alcançar US$ 600 bilhões em 2015, e para os renováveis US$ 100 bilhões, comentou o economista chefe da AIE Faith Birol.
Eliminar os subsídios aos combustíveis fósseis até 2020 cortaria a demanda energética global em 5% em comparação com a inação e reduziria as emissões de carbono em quase 6%, segundo o relatório.
Os economistas dizem que os governos deveriam penalizar o consumo de combustíveis fósseis para contabilizar o dano que as emissões de gases do efeito estufa causam sobre o clima, e culpam os subsídios de incentivarem o desperdício e minarem as alternativas limpas.
Achim Steiner, chefe do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), disse na terça-feira que o incentivo do G20 para banir os subsídios seria um “bom começo” para reduzir o ritmo das mudanças climáticas.
Desperdício
Os países ocidentais, sem dinheiro, estão lutando para arrecadar fundos para energias renováveis, que geralmente é mais cara do que as alternativas convencionais. A opção de eliminar subsídios fósseis pode parecer mais atraente.
O apoio aos renováveis é necessário, enfatizou a AIE, especialmente devido a inesperada fartura de gás que reduz o preço da energia e torna os renováveis ainda menos competitivos.
“A fartura de gás estará por aí mais dez anos”, disse Birol à Reuters. “Preços mais baratos do gás colocarão pressão adicional sobre as energias renováveis, especialmente nos Estados Unidos e Europa. Se o gás natural é tão abundante e barato quanto pensamos, então a vida para os renováveis será ainda mais difícil”.
A China lideraria a corrida global por tecnologias renováveis, ajudando a “reduzir o custo ... em 20% entre agora e 2035”, disse Birol.
Se as políticas anunciadas recentemente para reduzir as emissões de carbono fossem colocadas em vigor, sob um “cenário de novas políticas”, a energia renovável alcançaria um terço da geração global até 2035, alcançando o carvão, em comparação com os 19% atuais, o que exigiria US$ 5,7 trilhões em investimentos cumulativos, concluiu o relatório.
O uso de biocombustíveis aumentaria quatro vezes, alcançando 8% dos combustíveis para o transporte em relação aos 3% atuais. O Greenpeace alegou que a AIE estava subestimando a disseminação dos renováveis.
A AIE disse que os compromissos feitos pelos países no encontro de Copenhague para redução das emissões de carbono não estão de acordo com a meta de limitar o aquecimento global em 2ºC, e que o custo disto aumentou para US$ 1 trilhão devido ao esforço extra que seria necessário após 2020.
(Por Gerard Wynn, Reuters, traduzido por Fernanda B. Muller, CarbonoBrasil, 11/11/2010)