Grandes companhias querem expandir a prospecção de petróleo no Ártico, mas os Estados Unidos não estão capacitados para lidar com vazamentos na região. É o que defende a organização ambientalista Pew Environment Group.
Segundo o grupo, as baixas temperaturas e o frágil ecossistema estão entre as condições que poderiam colocar em risco as operações de limpeza, essenciais em acidentes como no golfo do México, em abril deste ano.
Atualmente, há quatro expedições de petróleo na costa do Alasca, no mar Beaufort, e mais duas a caminho.
Há outros pontos contra, enfatizam os ambientalistas. O equipamento de perfuração não seria adequado para lidar com a força dos ventos, que pode ser similar à dos furacões, e nem com a quantidade de blocos maciços de gelo.
A escuridão que predomina em determinados meses do ano e os vários quilômetros que separam o Alasca e os principais portos marítimos também são listados.
Morsas, focas, peixes e ursos polares que vivem no Ártico teriam sua alimentação e vivência comprometidas se houvesse um vazamento tóxico. Skimmers (equipamentos de limpeza) que retiram óleo da superfície da água também não poderiam ser adotados no Ártico e mesmo pequenos botes teriam dificuldade de navegar entre partes de gelo partido.
"O óleo não se dispersa com a mesma rapidez em águas geladas", explica o diretor do programa para o Ártico do grupo, Marilyn Heiman.
O Alasca é apontado pelo USGS (Serviço Geológico dos Estados Unidos, na sigla em inglês) como uma das maiores fontes de petróleo. Estima-se que o círculo ártico contém 90 bilhões de barris do combustível e uma grande fonte de gás natural para serem explorados.
Os EUA proibiram a prospecção de petróleo depois do vazamento da BP (British Petroleum), mas a moratória terminou no mês passado.
(Folha.com, 11/11/2010)