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2010-11-09 | Tatianaf

As belezas da cidade oceânica mexicana de Cancún podem ser uma das razões para ter sido escolhida como sede da próxima cúpula mundial sobre mudança climática. Contudo, nada indica que seja um modelo de adaptação aos rigores do aquecimento global. Destruição de mangues, excesso de lixo e superpopulação hoteleira são alguns dos problemas de Cancún, “onda de serpente”, segundo um dos vários significados atribuídos ao seu nome maia.

“Cancún é uma vergonha. Não entendo como foi escolhida para a cúpula, pois é um exemplo do que não se deve fazer”, disse ao Terramérica a ecologista e ex-funcionária pública Guadalupe Álvarez, fundadora da organização não governamental Céu, Terra e Mar. Entre 29 de novembro e 10 de dezembro acontecerá nesse balneário a 16ª Conferência das Partes (COP 16) da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática, em busca de um acordo global para reduzir a contaminação que está aquecendo a atmosfera terrestre.

Situado no Mar do Caribe, no município de Benito Juárez, que pertence ao Estado de Quintana Roo, Cancún acelerou seu crescimento desde 1980 para se converter no principal destino turístico mexicano, e pagou por isso um alto custo ambiental. Este ano, o México recebeu, no mínimo, 11 milhões de turistas – que deixaram US$ 13 bilhões – e seis milhões deles se dirigiram a Cancún, onde gastaram mais de US$ 4 bilhões. Além dos visitantes, vivem ali 900 mil pessoas. A cada dia são geradas cerca de 800 toneladas de lixo, e o único aterro sanitário autorizado não tem capacidade para receber mais lixo.

“A cidade tem um problema de planejamento, houve um esquema de crescimento fora dos instrumentos legais, o que ocasionou a erosão de praias, e há contaminação forte”, disse ao Terramérica a delegada do não governamental Centro Mexicano de Direito Ambiental, Alejandra Serrano. Os mangues ocupam 64.755 hectares em Quintana Roo, o quinto dos 32 Estados deste país com maior superfície destes biomas costeiros, caracterizados pela árvore de mangue (gênero Rhizophora).

Em Cancún, esses mangues salobros se estendem por 11.392 hectares, mas perdem anualmente 4,84% de sua superfície, segundo o Instituto Nacional de Geografia e Estatística. Além de abrigar uma importante variedade de espécies, têm uma função purificadora e protegem a costa de marejadas, furacões e também da erosão. Também têm capacidade de absorver carbono. Em 2008, os mangues mexicanos capturaram 1,48 milhão de toneladas de dióxido de carbono, segundo o The Global Peatland CO² Picture (O Mapa Mundial do Dióxido de Carbono nas Turfeiras), publicado pela Wetlands International.

O México emite 715,3 milhões de toneladas de dióxido de carbono, das quais 9,9% provêm do desmatamento, segundo o Ministério de Meio Ambiente e Recursos Naturais (Semarnat). Por trás da extinção dos mangues está a poderosa indústria hoteleira. Neste ponto, as estatísticas mantêm a disputa entre a Semarnat e a sua agência Procuradoria Federal de Proteção Ambiental (Profepa). Os programas de desenvolvimento urbano e ordenamento ecológico do município, que estabelecem o uso do solo em Cancún, fixam a capacidade máxima hoteleira em 30.990 quartos. A Profepa afirma que são 36.852, 5.862 a mais do que o permitido, um dado não reconhecido pela Semanart.

“A cobertura vegetal sobre a barra que detinha sedimentos diminuiu drasticamente durante o período de desenvolvimento da zona hoteleira”, afirmou, em 2009, uma recomendação enviada pela Profepa ao ministro do Meio Ambiente, Juan Elvira. “A erosão aumentou do mesmo modo que o crescimento antropogênico. O que é óbvio quando se observa que a maioria das construções foi feita sobre a duna costeira”, acrescentou. Após os furacões Wilma, em 2005, e Ida, em 2009, as praias passaram de nove milhões de metros cúbicos de areia para apenas 700 mil metros cúbicos, segundo a Secretaria do Turismo.

As areias brancas de Cancún não existiriam “não fossem os arrecifes de coral”, disse ao Terramérica, em 2008, o ecofisiologista marinho Roberto Iglesias-Prieto, do Instituto de Ciências do Mar e Limnologia da Universidade Nacional Autônoma do México. O Arrecife Mesoamericano, em águas da península de Yucatán e compartilhado por México, Belize, Guatemala e Honduras, se estende por 1.100 quilômetros, é uma grande atração turística, uma proteção contra furacões e uma barreira à erosão costeira. Porém, está declinando devido à pesca excessiva, à contaminação e à mudança climática, que aquece e acidifica os oceanos.

Depois dos furacões, as autoridades turísticas retiraram nove milhões de metros cúbicos de areia de outras praias e as colocaram em Cancún e nas vizinhas Praia do Carmen e Cozumel, ao custo de US$ 80 milhões. Uma das mais duras críticas desse resgate de praia é a ativista Guadalupe. Em julho, denunciou o transporte de areia à Secretária da Função Pública, ainda sem resposta, e em setembro dirigiu carta ao presidente Felipe Calderón.

A Semarnat está para publicar no Diário Oficial da Federação uma nova norma de sustentabilidade hoteleira que obrigará o setor a cumprir padrões desde a concepção do projeto. Serão estabelecidas regras para uso de energias alternativas, tipo de material de construção, vegetação a ser plantada, manejo do esgoto e prioridade para contratar mão-de-obra local. Além disso, não serão autorizadas construções em locais ocupados por mangues. “É um grande avanço, porque cada projeto pode se tornar sustentável em cada uma de suas etapas”, disse Alejandra, cuja organização acompanhou o processo de criação do novo contexto legal.

(Por Emilio Godoy, Envolverde, 09/11/2010)


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