Após analisar os dados dos Censos Agropecuários do IBGE de 1996 e 2006, a professora da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), Resemeire Aparecida de Almeida, contesta a eficiência do agronegócio.
De acordo com suas análises, no Paraná e no Mato Grosso do Sul, o agronegócio está se apropriando das melhores terras, o que provocou um recuo das áreas destinadas ao plantio de arroz e feijão. Ela concluiu que a agricultura familiar impediu uma crise no abastecimento de alimento.
“64% dessa produção veio das pequenas unidades de produção, tanto no Mato Grosso do Sul quanto no Paraná. Enfim, a gente pode dizer com muita segurança que as pequenas propriedades são responsáveis, de forma geral, pela comida que está na mesa dos brasileiros.”
Rosemeire cita o exemplo a cidade de Santa Rita do Pardo, no Mato Grosso do Sul. No local, onde as propriedades são todas acima de dois mil hectares, predominam o desemprego e as condições precárias de vida. A situação facilita a chegada de empresas e a introdução dos monocultivos.
“O agronegócio da celulose elegeu a região leste do Mato Grosso do Sul por questões logísticas. Dentre elas, essa ociosidade das terras. Portanto, reforça aquele discurso de que vieram para gerar emprego, para recuperar as áreas degradadas. O pressuposto é sempre partindo do pior.”
As propriedades com mais de dois mil hesctares conseguiram um financiamento de mais de R$ 1 bilhão e geraram um valor de produção pouco maior que R$ 500 milhões. Já as propriedades menores que 50 hectares multiplicaram por 20 um crédito de R$ 2,4 milhões.
(Por Jorge Américo, Radioagência NP, 09/11/2010)