As mais de cem toneladas de resíduos nucleares vindas de França chegaram esta manhã à gare alemã de Dannenberg, depois de uma noite de confrontos entre forças policiais e activistas que tentaram impedir o transporte.
Depois de ter partido do terminal ferroviário de Valognes, França, na passada sexta-feira às 14h20 locais (13h20 em Lisboa), “o comboio chegou à gare de Dannenberg às 09h25 (08h25 em Lisboa)”, informou uma porta-voz da polícia. Os resíduos fizeram uma viagem de mais de 1500 quilómetros.
As 154 toneladas de resíduos, repartidos por onze vagões especiais "Castors", deverão ser transferidos – numa operação que se prevê demorar várias horas - para camiões para percorrer os últimos 20 quilómetros até ao centro de armazenamento em Gorleben.
“A estação de transferência [dos resíduos] está rodeada por fortes medidas de segurança e não esperamos quaisquer confrontos”, disse Achim van Remmerden, porta-voz da polícia.
Durante a noite, três mil activistas que bloqueavam a linha férrea por onde ia passar o comboio foram retirados pela polícia de forma pacífica, numa operação que durou mais de seis horas. O transporte dos resíduos esteve suspenso e foi retomado pouco depois das 08h00 (07h00 em Lisboa).
Os resíduos nucleares alemães foram enviados para França a fim de serem reprocessados e agora, cumprindo acordos internacionais, estão de regresso à Alemanha. De acordo com um comunicado do grupo nuclear francês Areva, que reprocessou os resíduos na sua fábrica em La Hague, estas 154 toneladas são a última tranche de um total de 513 toneladas, "usadas para gerar electricidade para 24,7 milhões de alemães durante um ano, sem gerar emissões de dióxido de carbono".
Para várias organizações ecologistas, como a Greenpeace e a associação Sair do Nuclear, este é o comboio nuclear "mais radioactivo da história". Os activistas dizem que este transporte concentra, "pelo menos, duas vezes mais radioactividade que o total da poluição radioactiva emitida pela catástrofe de Tchernobil". Já a Areva garante que este comboio é "menos radioactivo" que o último que partiu para a Alemanha.
(Por Helena Geraldes, Ecosfera, 08/11/2010)