Os projetos europeus de consumo de biocombustíveis precisarão de terras disponíveis para cultivos com extensão equivalente ao dobro da superfície da Bélgica para poderem se realizar, o que vai acelerar o aquecimento do planeta, denunciaram organizações de defesa do ambiente em um estudo que será publicado nesta segunda-feira.
A UE (União Europeia) estabeleceu que, em 2020, 10% do consumo total de combustível corresponda a biocombustíveis provenientes de cultivos agrícolas.
"Esta obrigação vai exigir a utilização de 69 mil quilômetros quadrados (6,9 milhões de hectares) de terras suplementares em todo o planeta e acelerará o aquecimento global", destaca este estudo, publicado por nove organizações.
"Uma superfície equivalente ao dobro da Bélgica terá que ser utilizada para cultivos a fim de cumprir com as metas dos países europeus na área das energias renováveis em 2020, o que colocará em risco as comunidades mais pobres", ressalta o documento.
O estudo analisa os planos de ação nacionais entregues à Comissão Europeia por 23 dos 27 países-membros da UE.
Os agrocombustíveis, devido à mudança de uso do solo, emitirão entre 27 milhões e 56 milhões de toneladas de gases de efeito estufa a mais ao ano, ou seja, o equivalente ao emitido de 12 milhões a 26 milhões de veículos nas estradas europeias até 2020.
Cinco países da UE, Grã-Bretanha, Espanha, Alemanha, Itália e França serão responsáveis por três quartos dessas emissões, informou o estudo.
"Os agrocombustíveis não são uma solução ecológica para nossas necessidades de energia", afirma Laura Sullivan, encarregada da ActionAid, uma das organizações que publica o informe.
As nove organizações que encomendaram o estudo são Greenpeace, ActionAid, Birdlife International, ClientEarth, European Environment, Fern, Amigos da Terra Europa, Transporte e Meio Ambiente e Wetland International.
(France Presse, Folha.com., 08/11/2010)