A União Européia não deve deixar passar a oportunidade de consolidar sua liderança nas tecnologias renováveis agora que os Estados Unidos atravessam um momento ruim no setor devido às incertezas políticas e a estagnação da legislação climática.
Nesta quarta-feira (3), a Comissão Européia estabeleceu o “New Entrant Reserve 300 (NER 300)”, um fundo criado em 2008 pelo Conselho Europeu, que traça diretrizes para o incentivo a novas tecnologias limpas.
Segundo o NER 300, US$ 5,6 bilhões serão investidos nas técnicas mais modernas para redução de gases do efeito estufa, como a captura e armazenamento de carbono (CCS).
Os recursos para o fundo serão provenientes da venda de 300 milhões de permissões de emissões (EUAs) pelo Banco de Investimento Europeu no esquema de comércio de emissões (EU ETS). Ainda não foram detalhados como e quando a entidade fará essa operação.
Cerca de oito projetos de CCS já estariam elegíveis para conseguir esses recursos, mas uma lista com todas as iniciativas que poderão concorrer ao financiamento ainda será produzida pelo Banco e encaminhada para a escolha da Comissão Européia.
Novos detalhes sobre o NER 300 devem ser divulgados na próxima semana.
Falta de Confiança
A consultoria Ernst & Young divulgou nesta quarta-feira (3) um relatório que traça um quadro preocupante ao registrar menos acordos e a queda nos investimentos envolvendo empresas de tecnologias limpas.
Segundo o documento, o terceiro trimestre de 2010 registrou o recuo de 55% nos investimentos de risco no setor com relação ao mesmo período de 2009.
Para a Ernst & Young, a queda se deve às incertezas sobre o futuro das políticas climáticas norte-americanas e sobre a potencial, e agora confirmada, vitória dos republicanos nas eleições de novembro.
O relatório marca ainda a derrocada de um ano que começou com altas expectativas, com o primeiro trimestre registrando um crescimento de 68% dos investimentos em renováveis.
Porém, a consultoria faz a ressalva que os números em setores de risco costumam ser voláteis mesmo e que alguns indicadores conseguiram resultados positivos.
Destaque para o crescimento dos investimentos em eficiência energética, que subiu 6% para US$ 161,7 milhões. Alguns estados também tiveram um bom desempenho, como o Massachusetts que registrou um aumento de 65% com relação a 2009.
“Este trimestre reflete bem o que são os investimentos em tecnologias limpas. Se tivéssemos apenas mais dois ou três acordos grandes, esses números seriam bem maiores. Então a queda e alta desses dados se devem a questões muitas vezes pontuais”, explicou Jay Spencer, diretor de tecnologias limpas da Ernst & Young.
O relatório aponta que as perspectivas são positivas, com o mundo corporativo cada vez mais interessado principalmente em eficiência energética.
(Por Fabiano Ávila, Instituto CarbonoBrasil/Agências Internacionais, 08/11/2010)