A resolução do Ministério da Agricultura e da Pecuária (MAG, por sua sigla em espanhol) que autoriza a investigação de transgênicos não ficou sem resposta dos setores sociais do Paraguai. Na última terça-feira (2), organizações rurais, camponesas e indígenas divulgaram um manifesto público em repúdio à resolução do Ministério e em "defesa da vida e do meio ambiente".
No documento, as organizações afirmam que permanecerão em vigília até que tal resolução seja revista. Para elas, a resolução n° 2.158 do MAG é uma "ofensa à luta" camponesa e indígena que, durante anos, denunciou - e continua a denunciar - os problemas gerados pelo monocultivo que "mata e empobrece comunidades inteiras do país".
No manifesto, as entidades ainda aproveitam para destacar que "existe numerosa bibliografia sobre os problemas ambientais, sociais e de saúde que levam os alimentos e produtos transgênicos em todo o mundo, pelo que é mentira que se tenha tomado a decisão ‘após árduas e detalhadas consultas a especialistas internacionais’".
As organizações lembram ainda que Canadá e países da Europa já proibiram o consumo, o cultivo e a comercialização desses organismos geneticamente modificados. No documento, também destacam que, diferente do mostrado pelo Ministério, a decisão não defende o setor rural por inteiro, pois faz chacota com as comunidades camponesas e indígenas do Paraguai.
"Declaramo-nos livres e soberanos para discutir nas instâncias do Estado todas e quaisquer Políticas Públicas que afetem ou envolvam a vida e o trabalho das comunidades rurais e indígenas de nosso país e que não nos submetemos a ‘opiniões de consultores e especialistas internacionais’ totalmente parciais, que só buscam aprovar questões não claras com relação ao uso de Biotecnologia no nosso país", comentam.
O manifesto, ao rechaçar a resolução do MAG, reafirma a defesa da produção agroecológica, da soberania alimentar, da vida e do meio ambiente. E, para fortalecer a luta contra os transgênicos no país, as entidades camponesas, rurais e indígenas ainda chamam outras organizações sociais a integrarem e desenvolverem ações de repúdio aos transgênicos.
"[Resolvemos] Convocar a todas as demais organizações sociais, rurais e urbanas a fazer frente a esta decisão totalmente organizada, apoiada e promovida por certos meios de imprensa, e a definir ações de luta cidadã mais enérgicas que protejam nossa Soberania Genética", destacam.
(Adital, 08/11/2010)