Uma pesquisa publicada no início dessa semana revelou que quase dois terços das amostras compradas supermercados em Dallas e analisadas pelos pesquisadores continham bisfenol A (BPA), químico utilizado na fabricação de embalagens plásticas e enlatados. O BPA já foi associado a doenças como o câncer, diabetes, infertilidade e obesidade. As amostras continham níveis de bisfenol A menores do que o nível considerado seguro pelas agências reguladoras dos Estados Unidos e Europa.
Mas, de acordo com o Dr. Arnold Schecter, autor da pesquisa e professor na Universidade do Texas, mesmo em quantidade menores o bisfenol pode prejudicar a saúde. “Precisamos de mais esforços para remover químicos perigosos da cadeia alimentícia”, disse. O estudo foi publicado no jornal científico Environmental Science & Technology e é a primeira pesquisa científica feita com alimentos frescos, enlatados ou acondicionados em embalagens plásticas.
O resultado confirmou pesquisas informais realizadas no passado. Para descobrir se o químico estava migrando da embalagem para os alimentos e em qual quantidade, pesquisadores compraram 105 alimentos de 10 diferentes supermercados em Dallas em março deste ano. Os alimentos comprados foram: vegetais enlatados, sopas, carnes e sucos; produtos infantis enlatados, alimentos embalados com plásticos como compota de maçã; spaghetti e almondegas, peito de peru, frango, presunto e salmão; e ração para cães e gatos embaladas com plástico. O objetivo do estudo não era identificar alimentos específicos que contenham BPA, mas testar uma série de produtos para determinar se a presença do bisfenol A na cadeia alimentar requer um monitoramento mais amplo.
Os testes de laboratório encontraram BPA em 63 das 105 amostras. O nível mais alto foi encontrado em uma lata de ervilhas, seguido por três tipos de sopa. O bisfenol A não foi detectado no presunto, salmão, peito de frango fatiado e em algumas latas.
De acordo com a pesquisa, não houve uma diferença significativa nos níveis de bisfenol A encontrados em latas ou em embalagens plásticas. Há testes com frutas e vegetais frescos não embalados em andamento. Ainda segundo os pesquisadores, os resultados não podem ser aplicados a todo o país, já que a amostragem foi pequena e feita em uma área metropolitana. No entanto, os testes confirmam que o bisfenol A migra de embalagens para alimentos o que demanda um maior cuidado das agências reguladoras.
Nesta semana, a Organização Mundial da Saúde está realizando uma conferência no Canadá com especialistas da área química para avaliar os riscos da ingestão de BPA. Grande parte da atenção estará focada na migração do composto de latas para alimentos e bebidas. Também avaliarão se mulheres grávidas e fetos estão no maior grupo de risco. Tanto o FDA quanto o EFSA estão participando do simpósio.
(Dallas News, Revista ACS – Environmental Science and Technology, EcoDebate, 08/11/2010)