A Comissão Europeia considerou hoje demasiado vulneráveis os actuais sistemas de gestão de resíduos nucleares na União Europeia e anunciou a sua intenção de obrigar os Estados membros a enterrá-los em profundidade.
“Devemos garantir que temos a melhor segurança do mundo para proteger os nossos cidadãos, a nossa água e os nossos solos de uma contaminação nuclear”, disse o comissário europeu responsável pela Energia, Gunther Oettinger, ao apresentar um projecto de directiva europeia nesse sentido.
“Desde a construção da primeira central nuclear há 50 anos, ainda não temos na UE um local para fazer o armazenamento definitivo dos resíduos radioactivos”, salientou.
A Comissão, indicou Oettinger, vai pedir a todos os Governos da UE para adoptarem programas nacionais vinculativos com planos para a construção de locais de armazenamento em profundidade. Esses programas devem indicar onde, quando e como os Governos vão proceder à construção e à gestão de depósitos finais.
A proposta de Bruxelas deverá ser adoptada em 2011 e os planos nacionais deverão ser submetidos em 2015.
Ainda segundo a Comissão Europeia, “não será autorizada a exportação de resíduos nucleares para países fora da UE para fins de eliminação final”.
Todos os anos, sete mil metros cúbicos de resíduos não reprocessados são produzidos pelas 143 centrais nucleares da UE, 58 delas em França. Estes resíduos são considerados perigosos durante cerca de um milhão de anos.
Mas os centros de armazenamento criados para estes resíduos situam-se, na maioria, à superfície, o que os torna vulneráveis em caso de catástrofe ou de acidente como um sismo, incêndio ou acidente de aviação, sublinhou o comissário.
Até agora, os Estados membros têm agido de forma dispersa. Alguns países – como a Finlândia, Suécia e França – estão mais avançados que outros no que respeita à gestão dos seus resíduos nucleares, considerou. Estes três países têm planos de acção que estarão operacionais entre 2020 e 2025.
Ainda assim, lembrou, “a segurança é uma questão que diz respeito a todos os cidadãos e todos os países da UE, sejam eles a favor ou não da energia nuclear”. Além disso, “se ocorrer um acidente num país, pode ter também efeitos devastadores noutros países”.
(AFP, Ecosfera, 07/11/2010)