(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
código florestal
2010-11-08

Em carta divulgada em 27 de outubro, representantes de entidades da comunidade científica afirmam que a atual proposta de reforma no Código Florestal foi feita sem embasamento científico e com "excessiva urgência e imediatismo". A carta foi escrita pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Academia Brasileira de Ciências (ABC).

Os cientistas pretendem sustar a aprovação pelo plenário da Câmara dos Deputados do relatório do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), já aprovado em comissão especial da Câmara. Para isso, os presidentes da SBPC, Marco Antonio Raupp, e da ABC, Jacob Pallis, encomendaram relatório técnico a uma comissão de 17 especialistas -- o Grupo de Trabalho Código Florestal.

Responsável pela elaboração da carta, o Grupo é formado por membros da comunidade científica brasileira - cientistas e representantes do setor ambiental e agrícola. Entre seus participantes, destaca-se a presença de sete representantes da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Conforme expresso na carta, as análises realizadas pelos especialistas até o momento "não deixam dúvidas de que há estoque suficiente de terras agrícolas apropriadas" para expandir a produção de alimentos, fibras e biocombustíveis no Brasil pelo menos até 2020, destacando-se o fato de que "ainda há grande espaço para significativos aumentos sustentáveis da produtividade alicerçados em ciência e tecnologia".

O texto reforça o que tem sido dito por muitos especialistas: que a aprovação da reforma trará retrocesso na proteção às florestas. Entre as alterações propostas por Aldo Rebelo, está uma flexibilização considerada excessiva nas áreas de preservação permanente e anistia aos que realizaram desmatamentos até 2008.

A revisão é necessária, por isso, deve ser feita com cuidado
O setor agropecuário e Rebelo argumentam que o Código Florestal, editado originalmente em 1965, não condiz com a realidade brasileira, estando desatualizado por não reconhecer ocupações já consolidadas pela agropecuária em todo o país. A comunidade cientifica não discorda que o Código precisa ser revisto e atualizado, porém, afirmam que essa revisão deve ser "embasada em parâmetros científicos que levem em conta a grande diversidade de paisagens, ecossistemas, usos da terra e realidades socioeconômicas existentes no país".

Veja abaixo a carta na íntegra:

"Em 6 de julho de 2010, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Academia Brasileira de Ciências (ABC) se manifestaram conjuntamente com respeito a modificações no marco legal sobre a proteção e uso da vegetação brasileira em discussão pelo Congresso Nacional.

Ao mesmo tempo, essas instituições representativas da comunidade científica brasileira instituíram um grupo de trabalho composto por cientistas e representantes dos setores ambiental e agrícola brasileiros (lista dos participantes do grupo de trabalho abaixo) com a missão de analisar em profundidade a questão ampla do Código Florestal vigente e do substitutivo ao PL 1.876/1999, aprovado pela Comissão Especial de Revisão do Código Florestal.

O grupo de trabalho se reuniu por três vezes, desde julho último, e planeja concluir suas atividades até final de dezembro de 2010, com apresentação de relatório técnico detalhado. Julga-se apropriado tornar público, a título exemplificativo, alguns pontos importantes das análises realizadas pelo mencionado grupo de trabalho, como segue:

A comunidade científica brasileira deseja contribuir, significativamente, com informações confiáveis que embasem a modernização do Código Florestal brasileiro.

Análises aprofundadas da disponibilidade de terras para a expansão da produção de alimentos, fibras e bioenergia, para atendimento ao mercado interno e externo, pelo menos até o horizonte de 2020, não deixam dúvidas de que há estoque suficiente de terras agrícolas apropriadas para suportar uma expansão da produção, destacando-se o fato de que há ainda grande espaço para significativos aumentos sustentáveis da produtividade alicerçados em ciência e tecnologia.

A constatação anterior permite que se analise a necessidade de modificações do Código Florestal sob outra ótica, não premida por excessiva urgência e imediatismo, para que não se perca oportunidade histórica de incorporar os aperfeiçoamentos realmente necessários a tão importante diploma legal e feitos à luz do melhor conhecimento científico.

Os aperfeiçoamentos do Código Florestal, visando modernizá-lo e adequá-lo à realidade brasileira e às necessidades requeridas para promover o desenvolvimento sustentável, clamam por uma profunda revisão conceitual embasada em parâmetros científicos que levem em conta a grande diversidade de paisagens, ecossistemas, usos da terra e realidades socioeconômicas existentes no país, incluindo-se, também, a ocupação dos espaços urbanos.

Essa revisão deve considerar o grande avanço tecnológico na capacidade de observação da superfície continental a partir do espaço e indicar as lacunas de conhecimento científico ainda existentes.

Em essência, reiterando o que já manifestamos em 6 de julho passado: entendemos que qualquer aperfeiçoamento no quadro normativo em questão deve ser conduzido à luz da ciência, com a definição de parâmetros que atendam à multifuncionalidade das paisagens brasileiras, compatibilizando produção e conservação como sustentáculos de um novo modelo socioeconômico e ambiental de desenvolvimento que priorize a sustentabilidade."

Participantes do Grupo de Trabalho Código Florestal: Aziz Ab´Saber (USP) - Carlos Alfredo Joly (Unicamp e Biota) - Carlos Afonso Nobre (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - Inpe) - Celso Vainer Manzatto (Embrapa Meio Ambiente) - Gustavo Ribas Curcio (Embrapa Florestas) - Helton Damin da Silva (Embrapa Florestas) - Helena Bonciani Nader (SBPC e Unifesp) - João De Deus Medeiros (Ministério do Meio Ambiente - MMA) - José Antônio Aleixo da Silva (SBPC e UFRPE, coordenador do GT) - Ladislau Skorupa (Embrapa Meio Ambiente) - Peter Herman May (UFRRJ e Amigos da Terra- Amazônia Brasileira) - Maria Cecília Wey de Brito (ex-secretária de Biodiversidade e Florestas, MMA) - Mateus Batistella (Embrapa Monitoramento por Satélite) - Ricardo Ribeiro Rodrigues (Laboratório de Ecologia e Restauração Florestal - Esalq-USP) - Rute Maria Gonçalves Andrade (SBPC e Instituto Butantan) - Sergio Ahrens (Embrapa Florestas) - Tatiana Deane de Abreu Sá (diretora da Embrapa).

(Por Jornal da Ciência, EcoAgência, 07/11/2010)


desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -