Pesquisadores do Laboratório de Evolução e Genética Animal (Legal) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e do Laboratório de Hidrobiogeoquimica da Universidade Federal de Rondônia (Unir), que atuam em parceria com o Laboratório de Mamíferos Aquáticos (LMA) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT), realizaram a terceira excursão para captura de Boto Vermelho no Rio Madeira, com o fim de extrair material para análise genética e contaminantes. A doutoranda Waleska Gravena, responsável pela expedição, explica porque essa região foi escolhida para o estudo.
“No Rio Madeira, existem duas espécies de boto vermelho descritas, que teoricamente estão separadas por uma barreira geográfica. Na região do alto rio Madeira, existem 16 cachoeiras ou corredeiras que podem estar separando estas espécies em, Inia boliviensis, acima das cachoeiras, e Inia geoffrensis, abaixo das cachoeiras”, esclarece.
O estudo no Rio Madeira iniciou em 2008 e, desde então, já foram feitas três excursões para coleta de material. Gravena ressalta que nessas expedições encontraram botos entre cada uma das cachoeiras. Na ocasião, a equipe tentou identificar a queda d’água que serve como barreira para as espécies. “Para isso, fizemos coleta de material biológico dos botos dessa região para descobrirmos o que pode estar acontecendo com esses animais, antes do término da construção das duas barragens hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, que poderão separar as espécies permanentemente”, conta.
Estudo genético
Os trabalhos de genética com botos no Laboratório de Evolução e Genética Animal iniciaram em 2004 com estudo de parentesco nos animais, que formam agregações para receber alimento de turistas nos municípios do Estado do Amazonas: Novo Airão (flutuante Boto Vermelho) e Iranduba (flutuante localizado nas dependências do Hotel Ariaú Amazon Towers).
Nessa análise, segundo Gravena, foi possível perceber que essas associações são formadas unicamente para receber alimentação. “Anteriormente, nós achávamos que essas agregações eram formadas por indivíduos da mesma família, como ocorre com espécies de golfinhos marinhos. Mas, ao fazermos as análises, obtivemos outros resultados,” explica.
(Por Séfora Antela, Inpa, EcoAgência, 05/11/2010)