A China lançou nesta quinta-feira um indicador de "desenvolvimento verde", que leva em conta não só a expansão econômica como também o respeito ao ambiente.
A iniciativa retoma parcialmente uma tentativa anterior de precificar a poluição, e é um pequeno exemplo de como a China está gradualmente mudando seu rumo após anos de crescimento econômica veloz, mas às custas da degradação ambiental.
O novo indicador estabelece um ranking de cidades e províncias conforme o seu desempenho em equilibrar expansão econômica com proteção ambiental.
Na sua primeira edição, o ranking é liderado por Pequim, e tem em último lugar a província de Xanxi, onde há grande atividade de extração de carvão mineral.
Maior emissor global de gases do efeito estufa, a China já se comprometeu a buscar um modelo de crescimento mais limpo e a melhorar sua eficiência energética. Mas ainda é difícil levar essa mentalidade a dirigentes obcecados com os números do PIB.
Analistas dizem que o governo deveria enfatizar mais o bem-estar da população e a proteção do ambiente ao avaliar seus quadros, mas que tal sistema é difícil de desenvolver.
Coordenador que criou o novo indicador, Li Xiaoxi, professor da Universidade Normal de Pequim, disse que ele pode servir como uma ferramenta para futuras recompensas a funcionários, mas acrescentou que por enquanto se trata apenas de um exercício acadêmico.
"Esperamos que os principais tomadores de decisões na China considerem o nosso livro valioso e o incorporem aos documentos oficiais", disse Li.
O índice, compilado pelo Departamento Nacional de Estatísticas e por duas universidades, leva em conta 55 indicadores detalhados, como as emissões per capita de dióxido de carbono ou a participação dos gastos ambientais nos orçamentos públicos.
O Ministério do Meio Ambiente e a agência de estatísticas já haviam anteriormente tentado desenvolver uma medição do "PIB verde," mas abandonaram o projeto devido à resistência de governos locais.
Em 2006, eles relataram que em 2004 a poluição havia custado à China 511,8 bilhões de iuans, ou 3% do PIB daquela época. Novos dados não foram divulgados depois disso.
(Reuters, Folha.com, 04/11/2010)