Um estudo de técnicos do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) mostra que, pelo menos 42,73% do lixo descartado cotidianamente na coleta domiciliar de Porto Alegre, poderiam ser encaminhados às Unidades de Triagem conveniadas para reaproveitamento ou reciclagem, em vez de simplesmente serem levados para o aterro sanitário.
“Isso mostra o potencial que a nossa coleta seletiva ainda tem para crescer”, destaca o engenheiro químico Eduardo Fleck, coordenador do Programa de Caracterização Gravimétrica. Como o DMLU manda cerca de 1.200 toneladas de lixo diariamente para o aterro, em tese cerca de 500 toneladas poderiam ter um destino mais adequado social e ambientalmente, desde que a população separasse lixo seco e lixo orgânico em suas residências.
O estudo mostrou que 11,62% do lixo domiciliar é constituído de papéis e papelão; 11,23% de materiais plásticos; 1,46% de metais e 18,40% de outros matérias reaproveitáveis. “É bem simples: quanto mais a população se conscientizar dessa realidade e separar o seu lixo em casa, mais avançaremos nessa questão. Se o lixo seco for descartado corretamente, os catadores informais violarão menos as sacolas plásticas, os bueiros ficarão menos entupidos por ação da chuva ou do vento, os catadores formais terão mais emprego e melhor renda e a qualidade de vida ambiental da cidade melhorará como um todo”, explica o diretor de Projetos Sociais, Reaproveitamento e Reciclagem (DSR) do DMLU, Jairo Armando dos Santos.
A coleta seletiva de lixo em Porto Alegre, pioneira no Brasil, fez 20 anos em 2010 e, recentemente, obteve um importante reconhecimento através da pesquisa bianual da associação Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre): único município gaúcho onde 100% da população têm acesso à coleta seletiva. Apenas outras seis cidades brasileiras oferecem esse tipo de serviço tão importante no aspecto ambiental quanto no social: Santos, Santo André e São Bernardo do Campo, em São Paulo; Itabira, em Minas Gerais; e só mais duas capitais, Goiânia e Curitiba. Nenhuma delas, porém, consegue coletar uma média de 100 toneladas diárias, como Porto Alegre.
Metodologia – O estudo, em primeiro lugar, levantou os dados sobre limites de bairros, população, renda, densidade demográfica e número de domicílios dos 78 bairros formais e mais três áreas informais de Porto Alegre. A seguir, as zonas de coleta foram classificadas em cinco extratos, conforme a renda média. Depois, foi determinada a relevância de caracterizar 25% do total dos roteiros de coleta. E, então, sorteados os roteiros para caracterização. Cada roteiro sorteado foi caracterizado três vezes em diferentes estações do ano, em diferentes dias da semana (variabilidade sazonal e semanal), totalizando-se 12 procedimentos anuais de caracterização por roteiro. Como resultado, foram segregadas, ao longo do ano, 59,7 toneladas de resíduos provindos de 682 cargas de coleta.
(Prefeitura de Porto Alegre, 04/11/2010)