Depois da eclosão da soja transgênica nas lavouras gaúchas, que hoje é cultivada em quase 100% da área plantada com a oleaginosa no Estado, agora é a vez do milho geneticamente modificado despontar na preferência dos agricultores. Dados da Associação dos Produtores de Sementes do Rio Grande do Sul (Apasul) apontam que a área de milho transgênico saltou de 25% em 2009 para 50% na atual safra, em torno de 500 mil hectares.
A preferência dos produtores pelo uso de transgênicos começou a crescer a partir de 2005, quando o plantio da soja geneticamente modificada foi liberado. Já no caso do milho, as novas tecnologias chegaram há três anos. "Para se ter uma ideia, na época da liberação da soja, havia 15 cultivares disponíveis e hoje são 63", disse o presidente da Apasul, Narciso Barison.
O número de empresas produtoras de sementes transgênicas também registrou um salto, de quatro produtoras em 2005, para mais de 10 atualmente. Entre as principais vantagens que têm impulsionado os produtores a preferir os transgênicos, está a possibilidade de cultivar sementes tolerantes a herbicidas e resistentes a pragas e doenças. "Também estão em pesquisa variedades tolerantes à seca, com índices mais altos de proteína, óleo e ômega 3", informa Barison, que também preside a Associação Brasileira dos Produtores de Sementes (Abrasem).
Sobre os índices de produtividade, a meta é seguir o exemplo dos Estados Unidos, que prospectam até 2030 alcançar a média por hectare de 400 sacos no milho e de 100 sacos por hectare na soja. "Hoje, a média da soja no Estado chega a 70 sacos por hectare no milho e 42 na soja. Na safra passada era de 50 sacos para o milho e 35 para a soja", disse o dirigente.
Sobre a questão da produção mais sustentável frente aos transgênicos, Barison disse que as empresas têm, cada vez mais, se dedicado ao desenvolvimento de sementes geneticamente modificadas que demandem apenas uma aplicação de defensivos. "Com a semente transgênica, se usa menos defensivos, conservando melhor as condições ambientais", disse o dirigente.
Conforme dados da Abrasem, a tendência de aumento na demanda por sementes transgênicas também tem sido verificada no Brasil, especialmente pelo Paraná. No caso do Mato Grosso, ainda prevalece a soja convencional. "Cerca de 50% da área de produção no Brasil é de soja transgênica, em função da disponibilidade de boas variedades, que permitem controle de planta daninha. Além disso, a convencional é mais exigente", disse Barison.
(Por Ana Esteves, JC-RS, 03/11/2010)