Desde o início do ano já foram registrados na costa brasileira 90 casos de encalhes de baleias. Somente no Espírito Santo, já chega a 31 o número de casos verificados. Em outros países, como Argentina e Austrália, a situação também tem chamado atenção. Estudiosos do Instituto Baleia Jubarte e Instituto Orca estão tentando verificar se há uma causa em comum ou se são causas independentes.
Em entrevista a rádio CBN-Vitória, o veterinário e coordenador do Instituo Baleia Jubarte, Milton Marcondes, afirmou que o número de ocorrências está, de fato, aumentando, mas o que pesquisadores estão tentando descobrir é se o aumento é generalizado ou se está ocorrendo somente em áreas especificas. “O aumento de ocorrências tem exigido mais esforços e contratação de mais profissionais. Na maioria dos casos, os animais já chegam mortos à praia, o que dificulta o estudo.”
Segundo o coordenador do Instituo Baleia Jubarte, cerca de 80% dos animais morrem no mar, relativamente perto da praia, e a corrente marítima se encarrega de levar seu corpo à areia.
É analisado ainda por pesquisadores que o aumento do número de baleias encalhadas, curiosamente, tem a ver com o aumento das populações de baleias no litoral brasileiro. No último censo realizado pelo Instituto Baleia Jubarte, em 2008, na faixa litorânea que vai do Rio Grande do Norte ao Rio de Janeiro, foram avistadas mais de 9,3 mil baleias, número superior ao contabilizado em anos anteriores.
Explica Marcondes que geralmente quando a baleia chega ainda com vida à praia ela pode estar doente e ter se deixado levar pela corrente, ou ter sido presa por uma rede de pesca, vitímia de ataque de outro animal, como a baleia Orca, ou atropelada por uma embarcação.
Espírito Santo e Bahia são os estados que registraram o maior número de animais mortos. As condições de água quente e rasas são característica que atraem a espécie para esses estados para o ciclo de acasalamento e reprodução.
“A tendência de crescimento da população de baleias esta muito clara. Sabemos que a reprodução cresce 7% ao ano. No entanto, há uma preocupaçao com isso, pois pode ser responsável pelo aumento de conflitos com os seres humanos. Estamos conversando com a Marinha para que comecem a ser implantados avisos de alerta para que tenham cuidado ao nevegar em determinadas áreas de junho a novembro”, explicou Milton Marconde.
Na Argentina e Austrália a situação tem chamado a atenção também de estudiosos que analisaram, junto com o Brasil, as razões que têm trazido tantas baleias às praias. Na Austrália a mortalidade passou de cinco, em 2009, para 46 este ano. Na Argentina, o número de encalhes de baleias francas já chegou a 100.
(Por Thaise Saether, Século Diário, 02/11/2010)