A luta pela preservação do ambiente pode começar nas cidades, mesmo que os centros urbanos tenham o desafio de lidar com mais residentes, mais arranha-céus e mais sistemas de transporte.
Na convenção global da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre a diversidade que acontece na cidade japonesa de Nagoia, a questão está focada na necessidade de se preservar as florestas tropicais e os oceanos, mas em conversas entre cerca de 230 representantes de cidades do mundo inteiro que estão reunidos paralelamente ao evento maior, concordam que a conservação da natureza nas cidades é igualmente vital.
"Temos de trabalhar em dois níveis. Em primeiro lugar, a preservação dos ecossistemas, mas também a integração da biodiversidade na cidade e em todas as políticas ", disse Evelyne Huytebroeck, ministra do governo para assuntos do meio ambiente de Bruxelas (Bélgica) em entrevista a jornalistas. "A biodiversidade deve ser encarada como parte da solução para a cidade, para o planejamento urbano sustentável, e não como um problema."
Metade da população mundial está espremida em centros urbanos, e se estima um aumento populacional de 70% em 2030.
Estudos da ONU apresentados durante as negociações em Nagoia têm destacado o valor dos ecossistemas para a subsistência, como os insetos que polinizam as plantas, as árvores que limpam o ar e as plantas que são fonte de alimento. Mas os resíduos, as emissões industriais e a poluição dos transportes têm levado à destruição de ecossistemas dentro das cidades.
"Essas mudanças já estavam colocando riscos para a saúde ", disse David Cadman, vereador em Vancouver.
"Os mosquitos que carregam o vírus do Nilo, a dengue e a malária estão entrando em lugares onde nunca chegaram antes", disse ele. "Se você acha que preservar a biodiversidade frente as mudanças climáticas é caro, olhe para os custos gerados pelo sistema de saúde."
Cadman disse que há cidades que já trabalham para preservar zonas úmidas, salvar rios e tratar os resíduos de forma responsável.
Já a representante de Bruxelas alerta para a necessidade de preservar árvores e construir casas e escritórios com jardins plantados no topo de cada um deles. "Talvez você diga que isso não é nada, mas é muito para uma cidade quando vê quantos telhados planos a cidade pode ter", comentou Huytebroeck.
(Folha.com, 28/10/2010)