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lixões gestão de resíduos lixo nas cidades
2010-10-29 | Tatianaf

A Guatemala tem mais de 700 mil lixões clandestinos. Porém, uma rede de soldados, armados apenas de conhecimentos e estratégias, constrói fortalezas para melhorar a gestão de resíduos, em uma aliança que inclui México e Alemanha. A Rede Guatemalteca de Promotores Ambientais na Prevenção e Gestão Integral dos Resíduos Sólidos (Rede Giresol Guatemala) começou em 2006 com um acordo de cooperação entre o governo dos três países e uma mobilização de fundos que não chegou a US$ 200 mil.

Os associados, a Cooperação Técnica alemã, os ministérios de Meio Ambiente do México e da Guatemala e a Comissão Nacional de Resíduos Sólidos guatemalteca conceberam um programa para formar promotores ambientais, dirigido a pessoal governamental nacional e municipal das áreas sanitária e ambiental. Os paineis têm 140 horas de aula sobre educação ambiental e resíduos, armazenagem, varrição, transferência e transporte de lixo e técnicas para reduzir, reutilizar  reciclar, entre outros aspectos.

“Queremos elevar o perfil e o nível técnico das pessoas que lidam com o tema do lixo sólido no país”, disse à IPS o coordenador da Rede Giresol Guatemala, Julio Urias. Ao fim da capacitação, a iniciativa dos promotores é testada. Até agora, 62 estão formados e outros 45 assistem as aulas. E a dinâmica dos promotores permite, em um efeito dominó, capacitar mais de sete mil pessoas em todo o país, segundo a Rede Giresol.

“Nós replicamos a rede em nível local e capacitamos cerca de 70 pessoas entre 2008 e 2010”, disse à IPS o promotor ambiental Erick Urrutia, engenheiro agrônomo e delegado do Ministério do Meio Ambiente e Recursos Naturais no departamento de Quiché. Em aliança com organizações não governamentais, Erick deu apoio técnico para a construção de estações de tratamento de lixo em Chajul e Nebaj, dois municípios de Quiché muito afetados pelo conflito armado interno (1960-1996).

O promotor e engenheiro ambiental José Luis Dubón participou de um projeto de gestão de lixo em San Antonio Aguas Calientes, pequeno município de 10.500 habitantes, muito pobres, e um dos poucos do país a contar com um plano de manejo integral de resíduos sólidos. Os moradores separam o lixo orgânico do inorgânico, e duas vezes por semana é feita a coleta nessa área rural de clima subtropical, a mais de 1.500 metros de altitude, no departamento central de Sacatepéquez.

Na estação de tratamento, que processa 20 toneladas quinzenais de lixo, se reclassifica os materiais inorgânicos e orgânicos, e estes últimos são usados para compostagem (adubo), explicou à IPS Sergio Gómez, da prefeitura de San Antonio. O adubo é guardado para venda, e os resíduos, como vidro e plástico, são vendidos para reciclagem. José Luis diz que “deveria ser dada maior força aos promotores e permitir que realizem tarefas mais especificas com o Ministério do Meio Ambiente”.

Os 14 milhões de guatemaltecos produzem por ano 1,26 milhão de tonelada de lixo, segundo o Centro de Estudos Urbanos e Regionais e o Sistema de Informação Municipal. E a Comissão Nacional de Lixo Sólido afirma que existem mais de 700 mil lixões clandestinos. A Rede Giresol pretende se converter em um meio de capacitação permanente e especialização, explicou à IPS Milena Ramírez, funcionária do Ministério da Saúde. E não só no setor governamental.

Eduardo Aguilar formou-se promotor ambiental e trabalha para a empresa Basic Port, encarregado do lixo sólido de navios que atracam em Puerto Barrios, no Mar do Caribe, no departamento de Izabal. Graças à formação que recebeu, elaborou um “guia sobre manejo de resíduos sólidos para os navios que atracam em portos guatemaltecos”, com base nas disposições do Convênio Internacional para Prevenir a Contaminação pelos Navios (Marpol 73/78) da Organização Marítima Internacional.

Dessa forma, a rede vai impregnando o setor público e privado e chegou a El Salvador, República Dominicana e Equador. No México, a Giresol formou 220 promotores desde 2004, que “vão promovendo a gestão integral apropriada nos municípios. A rede ganhou sua própria dinâmica”, disse à IPS o diretor do Programa de Gestão Ambiental, Urbana e Industrial da GTZ nesse país, Axel Macht. Envolverde/IPS

(Por Danilo Valladares, IPS, Envolverde, 28/10/2010)


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