Durante mais de 12 horas, pesquisadores, fotógrafos e cinegrafistas sobrevoaram na segunda-feira (25) nove cidades do Amazonas situadas às margens de rios afetados pela seca.
O avião partiu de Manaus em direção ao oeste, às 8h30, passou por Tabatinga, na fronteira com o Peru e a Colômbia, e retornou à Manaus às 21h30.
Segundo Gabriela Ribeiro, do Centro Estadual de Mudanças Climáticas da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, todos os municípios sobrevoados estão em situação "difícil".
"Como os barcos não conseguem atracar nas margens do rio, as pessoas têm que ir até eles por catraia, um barco pequeno, para pegar água, combustível, alimentos", diz.
Nos leitos dos rios, o que se vê são "espaços que parecem campos". "O Solimões secou muito, há muitas praias e surgiram ilhas que não existiam", afirma Ribeiro.
A pesquisadora Laura Borma, do Centro de Ciência do Sistema Terrestre do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), que também estava no voo, afirma que a calha do Solimões está em um nível muito baixo. "Estimou-se uma diminuição do espelho d'água [superfície] de 50% em algumas regiões."
Nos próximos dez dias, Borma pretende visitar comunidades isoladas pela seca e avaliar as condições de rios menores, como o Juruá.
"O que me chamou atenção, além da questão do nível d'água, foram os deslizamentos de terra", conta.
Até ontem, a baixa dos rios deixou 37 dos 62 municípios do Estado em situação de emergência. O rio Negro, em Manaus, atingiu um nível mínimo histórico no domingo (24).
(Folha.com, 27/10/2010)