Apesar do potencial de crescimento, a produção de biodiesel pode ficar estagnada se não houver mudanças na legislação que regula o setor, afirma o presidente da União Brasileira do Biodiesel (Ubrabio), Odacir Klein. Segundo ele, os 2,4 milhões de metros cúbicos que serão produzidos em 2010 representam apenas 47% da capacidade instalada da indústria.
“É um programa que, se não houver mudança de marco regulatório, vai ficar estagnado”, ressaltou ontem (26) ao apresentar um estudo com projeções do setor elaborado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e apoiado pela Ubrabio. Para Klein, a regulamentação precisa ser mudada de modo a garantir que haverá um crescimento da demanda pelo combustível.
De acordo com a pesquisa, os 5,1 milhões de metros cúbicos que o país é capaz de produzir são capazes de suprir uma mistura de 10% no diesel, contra os atuais 5%.
O coordenador de projetos da FGV, Cleber Guarany, ressaltou que a produção desse tipo de biocombustível pode ser um importante fator de geração de renda para pequenos agricultores. Segundo ele, 20% da matéria-prima do biodiesel é cultivada por agricultores familiares, envolvendo 108 mil famílias. O potencial de expansão do negócio pode beneficiar, segundo o pesquisador, 570 mil famílias em 2020.
Para Guarany, a produção do combustível é ainda uma maneira de garantir empregos no campo. “Quando eu tenho, no campo, aquele agricultor em condições de ter renda, de se desenvolver, evidentemente que ele não tem estímulo para vir para as grandes cidades”, destacou.
Outro ponto que precisa de modificações na legislação, na opinião do especialista, é o aproveitamento do óleo de cozinha usado. De acordo com Guarany, “75% da soja que são utilizados e vão para o ralo poderiam voltar para o biodiesel”.
As iniciativas existentes de reaproveitamento do óleo são, segundo ele, na maioria das vezes, projetos informais para reciclagem, como produção de sabão, por exemplo. “Tem um mercado todo por trás que não vai para o biodiesel, talvez por falta de incentivo”, ressaltou.
(Por Daniel Mello, Agência Brasil, EcoDebate, 26/10/2010)