O homem ainda desconhece grande parte da riqueza do ecossistema da Amazônia, tal como aponta um estudo da organização WWF (World Wildlife Fund) publicado nesta terça-feira (26), que revela que nos últimos dez anos foram descobertas 1.200 novas espécies, uma a cada três dias.
"Mais uma vez se mostra a extraordinária exuberância em biodiversidade de uma região fundamental para o planeta", afimrou Francisco Ruiz, chefe da Iniciativa Amazônia Viva, da WWF.
A 'formiga marciana' ("Martialis heureka"), o papagaio-de-cabeça-laranja ("Pyrilia aurantiocephala"), um pequeno peixe que vive em águas subterrâneas ("Phreatobius dracunculus") e uma rã camaleônica ("Telmatobius sibiricus") são alguns desses tesouros encontrados.
"Os números são contundentes e significa que ainda hoje continuamos descobrindo novas espécies", disse Ruiz, quem enfatizou a importância de cuidar da Amazônia antes de a ação do homem impedir que novas espécies sejam descobertas.
Os governos, as ONGs, os cientistas e a sociedade civil "têm de redobrar esforços" para conservar a Amazônia, "já que algumas dessas plantas poderiam ter aplicação farmacológica" e "estamos pondo em perigo espécies", advertiu.
No total, no relatório "Amazônia Viva!: Uma década de descobertas 1999-2009" se incluem 637 plantas, 257 peixes, 216 anfíbios, 55 répteis, 16 aves e 39 mamíferos, até agora não detectadas, embora algumas possam ter origens pré-históricas.
Entre elas está a "Martialis heureka", apelidada de 'formiga marciana', por sua combinação de características jamais registradas. Trata-se de um surpreendente exemplar depredador e cego, de dois a três milímetros de comprimento, cor branca, sem olhos, mas com grandes mandíbulas.
Descoberta no Brasil em 2008, a espécie pertence ao primeiro gênero novo de formigas vivas descoberto desde 1923. Segundo seu descobridor, o cientista Christian Rabeling, a 'formiga marciana' poderia descender de uma das primeiras formigas que evoluiu na Terra, há mais de 120 milhões de anos.
A interação entre homem e meio ambiente levou os moradores do município de Rio Pardo (Rio Grande do Sul) a descobrirem, por acaso, o peixe "Phreatobius dracunculus" quando perfuravam um poço e encontraram vários espécimes nos baldes em que extraíam água.
(Efe, Folha.com, 26/10/2010)