Em fevereiro de 2009, o anúncio feito pelo Ministério das Cidades foi comemorado pela Administração. A cidade foi uma das contempladas com R$ 320 mil que seriam destinados à construção de pavilhões para coleta seletiva de resíduos sólidos, com foco na reciclagem, nos moldes de um centro de triagem. O recurso, advindo de emenda parlamentar, só seria liberado após aprovação do projeto técnico. Passados mais de 20 meses, a iniciativa parece ter esbarrado na burocracia. A construção, prevista para o Bairro Santo Antônio, permanece no papel.
Na última sessão da Câmara de Vereadores, no dia 19, a discussão voltou à tona. A vereadora Eloede Conzatti convidou a prefeitura Carmen Regina Pereira Cardoso para conhecer o espaço onde inicialmente se cogitou construir a unidade, em um terreno ocupado pela Associação Sepé Tiarajú. Segundo ela, seria uma solução que resolveria dois problemas: falta de espaço adequado para os catadores e a instalação da central. O grupo, existente há sete anos, guarda o material recolhido nas ruas, de forma improvisada. Em dias de chuva, o papelão recolhido é praticamente perdido, entre outros inconvenientes.
De acordo com Eloede, foram feitas mais de cinco reuniões com o secretário de Assuntos Extraordinários, Isidoro Fornari, a fim de resolver a questão. Segundo a parlamentar, em um dos encontros, em abril de 2010, ficou definido que a associação abrigaria a central. A área, pertencente à prefeitura, foi ocupadahá sete anos, e a associação pretendia também fazer a regularização do espaço. “Disseram-nos que iriam topógrafos para mapear a área e fazer as medições, mas na verdade não ocorreu nada de concreto”, diz Eloede.
Ontem, o secretário afirmou que houve, na verdade, um desentendimento e que a escolha da área não seria onde hoje está localizada a Sepé Tiarajú. Fornari salientou que caso isso ocorresse daria preferência para apenas uma entidade. Ele não soube precisar quantas associações existem na cidade, mas reiterou que a administração da central ficará a cargo de uma cooperativa de catadores. “Provavelmente a gerência vai ficar com um administrador da prefeitura, que faria a coordenação do espaço.”
Aval da Caixa
De acordo com a secretária de Meio Ambiente, Simone Schneider, o andamento do projeto depende do aval da Gerência de Desenvolvimento Urbano (Gedur) da Caixa Econômica Federal (CEF). Ela frisou que o projeto estaria sob análise e que integrantes do órgão estiveram na cidade há três semanas para verificar a viabilidade da construção. “A vistoria ainda não nos deu retorno.” A titular da pasta reforçou que a área escolhida para abrigar o empreendimento não seria onde está instalada a Sepé Tiarajú. “Não tem ligação alguma com a associação. Isso tem que ficar claro.” Por outro lado, ela não adiantou onde poderá ser erguida a construção. “É no Santo Antonio. Mas vamos fazer o anúncio assim que a Caixa nos der o aval.”
Simone diz que, desde o anúncio, foram feitos estudos técnicos das áreas disponíveis, além do cadastro dos catadores, que hoje ultrapassam cem munícipes. Ela reforçou que a central teria um papel importante no cotidiano dessas pessoas. “A gente vai resolver um problema social também, não é apenas o lixo que está acumulado e que causa incômodo. Queremos evoluir o processo de separação.” A secretária adiantou que vão ser realizados programas sociais com essa população, mas que a ideia ainda estaria em estudo, sem maiores definições.
Sobre a área para a Associação Sepé Tiarajú, a titular da pasta afirma que reforçou o pedido de doação do terreno para o grupo de catadores. A definição pode sair na próxima semana. “É uma área verde e estamos analisando o pedido para dar um posicionamento.”
(Por Hygino Vasconcellos, O Informativo do Vale, 26/10/2010)