Hoje (26), será realizado o seminário "Desenvolvimento e Mudanças Climáticas na Zona da Mata de Pernambuco", a partir das 9h, na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), localizada na rua Dom Bosco, 908, Boa Vista, Recife (PE). A iniciativa é do Centro Sabiá, Fase Pernambuco e Diaconia, com apoio da Oxfam, KFW, Projetos Demonstrativos (PDA) e Ministério do Meio Ambiente (MMA).
Pesquisadores, agricultores (as), movimentos sociais e órgãos governamentais participarão dos debates. O objetivo do encontro é discutir os impactos ambientais causados pelo crescimento demográfico da região. Na ocasião também será apresentado o resultado da pesquisa feita sobre os impactos do Programa de Assistência Técnica, Social e Ambiental à Reforma Agrária (ATES), realizada pelo Centro Sabiá e pela Fase Pernambuco.
De acordo com Aldo Santos, coordenador de articulações políticas do Centro Sabiá, o estudo foi feito em cinco assentamentos rurais da Zona da Mata, a partir do olhar dos agricultores, dos programas de assistência técnica e outras instituições ligadas à área. "Com essa avaliação, sentimos a necessidade de analisar os aspectos do programas que precisam ser mudados", explicou, falando sobre a necessidade de se adotar práticas agroecológicas.
Ele disse que com os resultados da pesquisa será possível propor novas políticas públicas, para atender as necessidades da região, e ainda, propor a capacitação e a qualificação das políticas já existentes, sobretudo, tentando fazer com que as ações se tornem mais frequentes.
"80% dos assentamentos de Pernambuco estão situados na Zona da Mata. Isso significa que nós queremos fazer um debate para construir um Cinturão de Assentamento, um Cinturão de Produção Agroecológica, porque toda essa população que está vindo pra cá, quer comer, então é preciso ter um processo de capacitação e organização da produção", ressaltou.
As discussões serão baseadas nos seguintes temas: "O modelo de desenvolvimento da Zona da Mata e as mudanças climáticas", "O contínuo urbano-rural e implicações para o projeto de desenvolvimento" e "O urbano e o rural: continuidades e descontinuidades na Zona da Mata".
Aldo finalizou dizendo que a expectativa é "conseguir construir, a partir do seminário, uma espécie de diálogo com atores, com base na pesquisa, para minimizar os efeitos do impacto do crescimento urbano na Zona da Mata, e pensar em um modelo de desenvolvimento sustentável para a região".
Zona da Mata
Com 43 municípios, a Zona da Mata Pernambucana é uma área de grande potencial econômico de toda a região Nordeste do país, pela riqueza de recursos naturais como água de qualidade e solo fértil, e que acaba sendo atrativo, resultando no aumento da população local.
Aldo Santos explicou que a região da Zona da Mata enfrenta dois grandes problemas. "O primeiro é o processo de ampliação da cultura da cana-de-açúcar na região, que sempre foi muito forte e está se ampliando até por incentivo de programas", relatou. "O cultivo da cana causa contaminação do solo provocada pelo uso do agrotóxico", informou.
O segundo problema, de acordo com ele, está relacionado com as riquezas da região. Aldo disse que as condições hídricas da região são favoráveis ao crescimento das cidades, e que por isso está havendo um crescimento de cidades que são construídas no entorno dos rios da Zona. "A pressão demográfica causa o impacto ambiental na região", resumiu.
Mais informações pelo site: http://www.centrosabia.org.br/
(Por Tatiana Félix, Adital, 26/10/2010)