Depois da adesão à lei estadual antifumo, aprovada em agosto de 2009, os fumantes perderam espaço dentro dos estabelecimentos e foram parar na calçada. É lá que acabam jogando as bitucas de cigarro que, em grande volume, representam danos ambientais e trazem prejuízos às prefeituras.
É fácil imaginar como: os restos de cigarro acumulam-se, juntando-se a outros resíduos e entupindo redes de esgoto. Ou ainda são ingeridos por animais, provocando sua morte. Para reduzir este impacto ambiental, foi lançado nesta segunda-feira, em Votorantim, o projeto de recolhimento e destinação das bitucas, um trabalho inédito, encabeçado pela empresa Poiato Recicla.
As bitucas recolhidas serão encaminhadas para uma empresa, em Uberlândia, responsável pelo processamento do material. O resultado é uma pasta de compostagem que deve ser utilizada para a recuperação vegetal em áreas degradadas.
De acordo com Marcos Robles Poiato, que dirige a empresa ao lado do irmão Sérgio Robles Poiato, o projeto foi trazido de Londres. “Um médico nos trouxe a proposta e estamos formatando todo o processo”, informa.
A formatação inclui a confecção de caixas coletoras que serão distribuídas nas cidades da região, para áreas internas ou externas, mediante parceria com as prefeituras e com empresas. “Uma bituca pode parecer inofensiva. Mas quando molha, incha e, juntamente com outros resíduos forma um bolo que vai parar dentro dos bueiros”, destaca. Segundo ele, estudos indicam que 20 bitucas geram um litro de esgoto e podem poluir mananciais.
O material coletado pela estação em Votorantim é separado, moído e encaminhado para reciclagem. Após a retirada de metais pesados e ingredientes inadequados, as bitucas são misturadas a composto orgânico e resíduos vegetais, dando origem a um material que serve de revitalização para as plantas. “A lei limpou o ar. Agora vamos limpar o chão”, afirma.
Do lixo para industrialização
Desde 2004, um projeto da Universidade de Brasília (UnB) estuda a transformação das bitucas em papel.
28% dos resíduos descartados nas ruas são compostos pelo chamado lixo de mão. Dele fazem parte as bitucas, guardanapos, copos e papéis diversos.
Capacidade para atender a região
A empresa tem capacidade para atender toda a região de Sorocaba e entra em operação nesta quarta-feira. Trinta e sete municípios já foram contactados para receber o projeto. Informações pelo www.poiatorecicla.com.br
(Rede Bom Dia, 26/10/2010)