Dados preliminares divulgados pelo Inpe, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, mostram que o desmatamento no Amazonas aumentou 8% entre agosto de 2009 e julho de 2010, período em que os demais Estados brasileiros registraram queda.
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, pediu estudos detalhados para esclarecer se o aumento do desmatamento no Amazonas pode ter sido causado por estradas instaladas ou em processo de licenciamento no Estado, como a BR-317 e BR-319. Por enquanto, técnicos do Ibama, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, consideram o avanço da pecuária em uma nova fronteira agrícola a hipótese mais forte.
Já auditoria realizada pelo TCU , Tribunal de Contas da União, atribuiu o avanço da devastação no bioma amazônico à uma "falha" da Casa Civil. De acordo com documento divulgado pelo TCU, houve um choque entre duas políticas públicas do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Sob a coordenação da Casa Civil, o BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social investiu cerca de R$ 10 bilhões em grandes frigoríficos, como JBS, Bertin (que se fundiram) e Marfrig, entre 2008 e 2010, contribuindo para o avanço da pecuária na Amazônia, na contramão da política de combate ao desmatamento.
Questionada sobre a conclusão dos auditores, a Casa Civil argumentou que contribuiu para a redução do desmatamento na Amazônia. A taxa anual anunciada no fim de 2009 foi a mais baixa em 20 anos: 7,4 mil quilômetros quadrados. "Isso não significa que estamos satisfeitos. Precisamos continuar melhorando e sempre há espaço para isso", disse a Casa Civil. O governo assumiu o compromisso de reduzir o desmatamento da Amazônia em até 80% até 2020.
(O Estado de S. Paulo, Portal DBO, 25/10/2010)