Manifestações, greve de fome e agora uma carta direcionada à presidenta Laura Chinchilla Miranda, são alguns dos apelos utilizados pela população da Costa Rica, que está tentando de diversas maneiras fazer com que a autoridade máxima do país revogue o decreto de "conveniência nacional", assinado em 2008 pelo ex-presidente Óscar Arias, que diz respeito ao projeto de mineração de ouro a céu aberto Crucitas, localizado na região Norte do país.
Rosibel Porras, que integra o grupo de ambientalistas que faz greve de fome em frente à Casa Presidencial, há cerca de dez dias, tomou a iniciativa de escrever uma carta à presidenta fazendo um apelo 'de mãe para mãe', falando do futuro que deixarão à seus filhos, caso a exploração de empresas de mineração venham a "se apropriar das mais importantes fontes de vida com as quais qualquer ser humano possa contar".
Ela explica que o jejum inicial, transformado em greve de fome, é o simbolismo escolhido para mostrar uma postura de não violência. "Estamos dispostos à sacrificar nossa integridade física em troca de ter sua atenção para que revogue o decreto n° 34801 - MINAET e, que, pelo menos, saia para conversar com aqueles ainda estão em greve de fome".
"A razão pela qual decidi escrever esta carta é que quero dirigir-me a sua pessoa para mostrar-lhe a grande preocupação que, como mulher madura, mãe e ante de tudo, cidadã deste país, me oprime a situação que se sustenta na raiz da declaração, por meio de um decreto executivo de interesse público e conveniência nacional para a extração mineira a céu aberto e por todas as consequências ainda mais nefastas que se chegariam a produzir, caso este decreto não seja revogado", ressalta.
Apesar da forte rejeição, já que cerca de 90% dos costa-riquenhos se mostram contrários à exploração do ouro a céu aberto, o Governo anunciou que não há possibilidade de suspender o projeto.
Defensores da região entraram na Justiça com um pedido contra o Estado e a empresa, alegando que o processo de concessão ao projeto apresenta anomalias. Eles também apresentaram um estudo sobre o impacto ambiental que será provocado pela exploração mineira. O Poder Executivo aguarda decisão deste julgamento no Tribunal Contencioso Administrativo.
De acordo com os (as) ecologistas, a exploração da mina afetará 190 hectares de bosque, que abriga espécies em perigo de extinção. Além disso, o uso da substância cianuro no processo de exploração contaminará o Rio San Juan, na divisa entre a Costa Rica e a Nicarágua.
(Por Tatiana Félix, Adital, 25/10/2010)