Moradores da comunidade quilombola do Pitimandeua, em Inhangapi, estão denunciando que uma das nascentes do igarapé Pitimandeua, localizada no bairro da Jaderlândia, em Castanhal, estaria sendo gradativamente aterrado por entulhos de uma obra do Programa de Aceleramento do Crescimento (PAC), do governo federal, que está em andamento naquele que é o mais populoso bairro castanhalense.
Segundo os quilombolas, além dos entulhos, lixo também estaria sendo jogado ao longo do leito do igarapé, que, vários quilômetros depois, atende às necessidades de centenas de moradores daquela comunidade. Eles dizem que se o aterramento do igarapé continuar, aquele recurso hídrico poderá acabar. "Ele (o igarapé) já está ficando cada vez mais seco, assoreado. Se matarem as nascentes ele acaba de vez. Nossa sorte é que outras nascentes ainda estão preservadas", afirma um morador de Pitimandeua.
Eles explicam, ainda, que por existir uma demanda demarcatória em fase de negociação entre as prefeituras de Inhangapi e Castanhal, na qual o primeiro município reivindica uma significativa área do bairro da Jaderlândia e todo o conjunto Rouxinol, tendo como base o fato de que é o igarapé que define os limites territoriais entre os dois municípios, poderia estar em andamento uma tentativa de descaracterizar esse marco demarcatório.
O prefeito de Inhangapi, José Feitosa, disse que já fez uma proposta ao prefeito de Castanhal, Hélio Leite, na qual ele pede que seja devolvida ao município de Inhangapi uma área onde vivem pelo menos seis mil habitantes, cujo efeito maior seria o aumento da arrecadação dos recursos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). "Por enquanto não recebemos nenhuma resposta à nossa proposta. Se por ventura entrássemos com uma ação demarcatória na Justiça Federal, a população de Inhangapi ganharia pelo menos mais 20 mil novos habitantes", afirma Feitosa.
REVITALIZAÇÃO
O engenheiro Dinaldo Monteiro, responsável pelas obras do PAC na Jaderlândia, negou que o igarapé Pitimandeua esteja sendo soterrado. "Nós vamos é revitalizá-lo, instalar tubulações, construir uma avenida projetada, da rua Ricardo Ramos até à caixa d´água da Cosanpa, onde fica a nascente, construir uma estaca de tratamento de esgoto", garantiu Monteiro. Ele disse ainda que para realizar esse projeto, será necessário remanejar 177 casas e que desse total faltam deixar a área apenas 27 famílias, "que não aceitaram ir morar no conjunto Maria Bibiana II e estão negociando valores dos seus imóveis", explicou Monteiro.
(O Liberal, Amazonia.org, 21/10/2010)