De acordo com metas estabelecidas em 2002 pela Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) e pela Conferência Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, as nações precisam passar os próximos dois anos recuperando o tempo perdido na criação de reservas oceânicas.
Atualmente cerca de 1,17% dos oceanos estão protegidos de alguma forma, porém a meta de 2002 era de 10% até 2012. Isto significa a proteção de mais de 32,5 milhões de Km2, equivalente ao tamanho da Rússia.
Segundo um relatório recente, Global Ocean Protection da Nature Conservancy, o mundo não está apenas falhando nas metas de proteção a uma porção significativa dos oceanos, também está fracassando na proteção de 10% dos diversos ecossistemas marinhos.
”No geral o déficit é muito chocante”, comentou Mark Spalding da TNC, um dos editores do relatório.
“Alcançamos apenas um décimo da meta. Até mesmo esta estatística é inflada por alguns parques marinhos gigantes, deixando um déficit ainda maior em muitas áreas onde as pressões são mais intensas. Precisamos entender que a proteção marinha não trata apenas da natureza, mas de nós mesmos. Se não conseguirmos gerenciar e sustentar nossos mares integralmente, os humanos estarão no alto da lista dos perdedores”.
Excesso de pesca, poluição e mudanças do clima têm deixado os oceanos mundiais em uma condição sensível: espécies marinhas (como tubarões e atum) estão em declínio, os recifes de coral encaram uma possível extinção com a acidificação e efluentes agrícolas tem deixado partes dos oceanos famintas por oxigênio.
Um estudo de 2008 revelou que apenas 4% dos oceanos poderiam ser classificados como “virgens”.
Pesquisadores da TNC sugerem que os governos ao redor do mundo trabalhem no ‘planejamento espacial marinho’, ou seja no zoneamento dos oceanos.
“(Nas cidades) existem áreas para as residências onde moramos, áreas para as empresas e indústrias onde trabalhamos e compramos, e áreas reservadas para parques e espaços abertos”, comentou Imèm Meliane, autor do relatório.
“Se aplicarmos os mesmos princípios ao longo dos oceanos, teremos uma abordagem em longo prazo que combina proteção dos oceanos com uso sustentável”.
Enquanto os ecossistemas terrestres têm recebido vários graus de proteção por mais de um século, o conceito de áreas marinhas protegidas é relativamente novo e apenas veio ao foco no final do século XX.
Durante CDB deste ano, que está sendo realizada em Nagoya, Japão, a ONG colombiana Coralina que ajudou a estabelecer a Seaflower Marine Protected Area está sendo homenageada por seu trabalho.
O parque marinho protege cerca de 200 espécies ameaçadas e ao mesmo tempo oferece emprego sustentável para as populações locais no arquipélago caribenho de San Adrés, Old Providence e Santa Catalina.
Além da Coralina, mais de mil organizações fazem parte do Programa Contagem Regressiva 2020, que ressalta ações efetivas para salvar espécies sob a CDB.
(Por Jeremy Hance, Mongabay, traduzido por Fernanda B. Muller, CarbonoBrasil, 21/10/2010)