Queimadas ilegais na ilha de Sumatra, na Indonésia, estão espalhando uma nuvem de fumaça para as vizinhas Malásia e Cingapura, causando a pior poluição atmosférica na região desde 2006, disseram autoridades nesta quinta-feira.
Apesar das promessas governamentais de controlar os incêndios, a névoa obrigou a Malásia a alertar navios para a baixa visibilidade no estreito de Málaca, em torno de 3 km, e escolas tiveram de ser fechadas.
Às 18h desta quinta-feira (8h em Brasília), o índice de poluentes em Cingapura chegou a 108, nível considerado "insalubre" --bem acima dos 80 registrados ontem (20), que havia sido o pior desde 2006. O porto e o aeroporto da cidade-nação continuam operando normalmente.
"A suspeita é que isso está vindo das florestas que têm sido derrubadas para plantações. Achamos que pode ser para a plantação de dendezeiros", disse à Reuters Purwasto Saroprayogi, diretor do departamento de incêndios fundiários e florestais no Ministério do Meio Ambiente indonésio.
HISTÓRICO
A Indonésia tem um longo histórico de desmatamento florestal descontrolado, e muitas queimadas servem para dar espaço a plantações de palmeira de cujos frutos se extrai o dendê, um importante biocombustível.
As queimadas limpam a área rapidamente e reduzem a acidez do solo, mas liberam enormes quantidades de gases do efeito estufa.
A névoa volta à região menos de uma semana depois de ministros do Meio Ambiente do Sudeste Asiático se reunirem em Brunei para discutir a questão das queimadas.
"Não é a primeira vez que informamos os indonésios de que eles deveriam prestar atenção a áreas delicadas em Sumatra e Bornéu", disse a jornalistas ontem o ministro do Meio Ambiente de Cingapura, Yaacob Ibrahim.
Segundo ele, se a situação se agravar o país "vai registrar suas preocupações novamente, talvez até em termos mais fortes, aos colegas indonésios". Ele afirmou que seria possível realizar outra reunião para discutir "novas medidas".
Em Kuala Lumpur, o vice-premiê da Malásia, Muhyiddin Yassin, disse à imprensa que seu país está buscando "mais cooperação" com a Indonésia no combate às queimadas.
"Não estamos simplesmente acusando (a Indonésia), queremos uma ação antes que a névoa se espalhe e se torne mais prejudicial para a Malásia", disse ele.
A pior névoa na região ocorreu em 1997-98, quando uma seca causada pelo fenômeno El Niño facilitou os incêndios florestais. A fumaça chegou a Malásia, Filipinas, Cingapura e Tailândia e causou prejuízos superiores a US$ 9 bilhões para o turismo, os transportes e a agricultura.
(Folha.com, 21/10/2010)