Uma volumosa camada de espuma branca cobriu novamente extensa parte do Arroio Dilúvio, o principal de Porto Alegre, na manhã de ontem. A poluição foi verificada entre as ruas Veador Porto e Vicente da Fontoura.
O cheiro que exalava do local era de sabão. A contaminação pelo produto foi a hipótese levantada por parte dos técnicos da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Smam) para o tipo de poluente que atingiu o Dilúvio .
– Sabão ou detergente. Em 90% dos casos, é isso que acontece – relata o chefe da Divisão de Controle e Combate à Poluição Hídrica e Atmosférica da Smam, Glauber Pinheiro.
A Smam registra, em média, duas ocorrências desse tipo no Dilúvio por ano. Trata-se, geralmente, de empresas que lavam algum equipamento e despejam a água utilizada dentro do arroio. Pode ser limpeza de tonéis, para troca de conteúdo, ou mesmo lavagem de veículos. Pinheiro admite que é muito raro conseguir comprovar quem liberou o produto químico dentro do riacho. Uma investigação teria de seguir a extensa malha de esgoto que deságua no Dilúvio. Uma estimativa feita em 2005 apontou que os dejetos de 5 mil residências e pontos comerciais são jogados dentro do arroio. Pelo menos 1,5 mil dessas ligações eram irregulares, misturando resíduos cloacais à rede pluvial.
Qualquer produto químico jogado no riacho pode resultar em problemas de saúde – como intoxicação –, caso a água seja ingerida. O risco é menor, porque as águas do Dilúvio não costumam ser utilizadas pela população, já que os pontos de captação para consumo da população são no Guaíba e afastados do arroio.
Pinheiro diz que todas as empresas que têm licença para fabricação de cosméticos e detergentes nas imediações do Dilúvio estão cadastradas pela Smam. A ideia agora é fazer uma investigação para verificar quem está largando poluente no arroio.
– Vamos observar. Queremos rastrear o poluidor – conclui Pinheiro.
(ZERO HORA, 21/10/2010)