O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, fez um pedido à Venezuela na terça-feira, 19, para que aja "de forma responsável" em relação à energia nuclear e reiterou que está interessado em uma "melhor" relação com o país sul-americano.
Em entrevista coletiva, da qual participou, Obama assegurou: "Não temos interesse em um aumento no atrito entre Venezuela e EUA, ou entre Venezuela e seus vizinhos, mas a Venezuela deve agir responsavelmente".
Obama disse que esse é "o padrão usado em todo o mundo". Segundo ele, a Venezuela tem "direitos" a desenvolver energia nuclear, mas também deve garantir que esses sistemas não serão usados com fins militares.
O Departamento de Estado dos EUA assinalou na semana passada que acompanha "de perto" o acordo de cooperação nuclear estabelecido entre o país sul-americano e a Rússia, que dará à Venezuela a primeira base nuclear da América Latina.
O acordo foi assinado em Moscou na sexta-feira passada, durante uma visita do presidente venezuelano, Hugo Chávez.
Na ocasião, o presidente russo, Dmitri Medvedev, indicou: "Não sei se alguém vai se assustar com isso. O presidente Chávez diz que há países que têm visões distintas sobre esse assunto. Mas quero ressaltar que nossas intenções são honestas e transparentes".
Medvedev destacou que mesmo países ricos em petróleo, como a Venezuela, têm necessidade de diversificar suas fontes de energia.
Por sua vez, Obama reiterou hoje seu interesse em manter "uma melhor relação com a Venezuela".
Na conversa que manteve com Chávez no ano passado durante a Cúpula das Américas, "disse em particular o que disse em público: o antagonismo não é inevitável", assinalou o governante americano.
"Queremos que os venezuelanos tenham uma voz dentro de seu próprio Governo. Não é algo que possamos impor de maneira externa, mas continuaremos estimulando a liberdade de expressão, a liberdade de imprensa, a liberdade de partidos políticos", acrescentou.
Obama lembrou que no passado o país manteve comportamentos "preocupantes" com seus vizinhos, especialmente com a Colômbia, embora esses atritos parecem ter suavizado.
O governante dos EUA se reuniu em setembro com o novo presidente colombiano, Juan Manuel Santos, e expressou sua satisfação pelos passos dados para uma melhor relação com a Venezuela.
Em uma reunião realizada em agosto, Santos e o presidente venezuelano, Hugo Chávez, acabaram com uma longa crise bilateral iniciada há mais de um ano e que levou à ruptura das relações em julho pelo fato de o então presidente colombiano, Álvaro Uribe, ter denunciado a presença de chefes guerrilheiros na Venezuela.
(Agência Estado, 20/10/2010)