A mudança climática não é uma ameaça ao mundo, e as consequências do aquecimento global não serão catastróficas, disse o presidente checo, Vaclav Klaus, um conhecido cético com relação ao tema.
"O aquecimento global nos últimos 150 anos foi modesto, e o aquecimento futuro e suas consequências não serão perigosos nem catastróficos. Não parece uma ameaça contra a qual devamos reagir", disse ele numa conferência em Londres na terça-feira.
"Não vejo evidências empíricas de aquecimento global causado por humanos. Vejo muitos erros na metodologia da ciência e dos modelos (de previsão climática)", acrescentou.
Em 2007, Klaus publicou um livro argumentando que o aquecimento global se tornou uma nova religião, uma ideologia que ameaça a liberdade e a ordem econômico-social do mundo.
Muitos analistas e cientistas dizem que este deve ser um dos anos mais quentes já registrados no planeta, e os governos do mundo estão tentando restringir suas emissões de gases do efeito estufa com base em previsões científicas sobre a elevação das temperaturas e do nível dos mares.
TEMPERATURAS
Nos quatro primeiros meses de 2010, a temperatura das terras e oceanos foi a mais alta já registrada pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos: 13,3 ºC e 0,69 ºC acima da média do século 20.
Mas a opinião pública reluta em agir incisivamente no combate à mudança climática, especialmente depois do fracasso da conferência climática de Copenhague, em 2009, na adoção de um tratado que obrigue os países a adotarem providências.
Escândalos envolvendo dados errados em relatórios científicos também tiveram um impacto sobre a mobilização global contra o aquecimento.
Klaus disse que o debate sobre a ameaça climática está distorcido, sujeito a propaganda e é usado por governos e lobistas para obter mais poderes.
Ele argumentou que nos últimos 10 mil anos o clima mundial tem sido praticamente igual ao atual.
"As temperaturas médias da superfície não variam significativamente. Se há uma tendência de longo prazo, é uma ligeira tendência geral de resfriamento", disse o presidente.
Ele criticou instituições como a Real Sociedade britânica, que publicou em setembro um guia científico para leigos sobre a mudança climática.
"Não fico impressionando com essas instituições científicas britânicas tão tendenciosas", afirmou.
(Folha.com, 20/10/2010)