Índia, China e Brasil aparecem entre os que mais serão afetados pelas mudanças climáticas em ranking com 170 países e relatório aconselha empresas a levarem esse fator em conta ao pensarem em investir.
As nações que estariam mais vulneráveis ao aquecimento global são justamente as caracterizadas pelo alto nível de pobreza, grande densidade populacional, exposição aos eventos climáticos extremos e dependência agrícola de padrões claros de precipitação – grande número de produtores sem acesso a tecnologias de irrigação.
Esses foram alguns dos critérios utilizados pela consultoria britânica Maplecroft para estabelecer um ranking de vulnerabilidade às mudanças climáticas com 170 países listados.
As características citadas pela consultoria englobam praticamente todo o Sudeste Asiático, África e América do Sul, tornando os países dessas regiões os mais sujeitos a terem prejuízos com o clima no futuro.
O ranking classificou 16 nações como sendo de extremo risco: Bangladesh, Índia, Madagascar, Nepal, Moçambique, Filipinas, Haiti, Zimbábue, Mianmar, Etiópia, Camboja, Tailândia e Malauí.
O Brasil aparece na 81º colocação e a China em 49º, mas, assim como o Japão (86º), são classificados como “em alto risco”.
Rússia (117º), Estados Unidos (129º), Alemanha (131º), França (133º) e Reino Unido (138º) são considerados de “médio risco”. Os países nórdicos, como Noruega (170º), Finlândia (169º) e Dinamarca (165º) ficaram nas posições mais seguras, sendo que podem ainda ser beneficiados com o degelo do Ártico e a abertura de novas rotas comerciais e de fronteiras agrícolas.
A consultoria alerta que 2010 já foi marcado por uma série de desastres climáticos, como as enchentes no Paquistão que afetaram mais de 20 milhões de pessoas.
“Há um número crescente de evidências de que as mudanças climáticas irão tornar mais freqüentes e intensos esses eventos. Mesmo as menores variações na temperatura podem causar grandes impactos na vida das pessoas e na produtividade dos países”, explicou Anna Moss, analista ambiental da Maplecroft.
Investimentos
Por se tratar de um relatório de uma empresa de consultoria empresarial, o documento tem como objetivo apontar os riscos de se investir em economias que serão muito afetadas pelas mudanças climáticas.
“Muitos desses países estão atraindo o interesse de organizações internacionais. Entretanto, nos próximos 30 anos a vulnerabilidade deles poderá expor essas empresas a riscos que hoje não estão evidentes”, alertou Matthew Bunce, um dos autores do relatório.
Segundo a Maplecroft um exemplo claro dessa questão é a Índia, em segundo no ranking, que enfrentou tempestades fora de época que causaram enormes prejuízos e atrasos nas obras para sediar os Jogos da Comunidade Britânica.
Praticamente todo o subcontinente indiano estaria sob grande risco climático por causa de sua densidade populacional e pobreza. Para o relatório, esses fatores devem entrar na conta das empresas que forem investir na Índia.
O Brasil, apesar de não estar tão vulnerável quanto o Sudeste Asiático, possui todas as grandes cidades litorâneas em áreas de alta e extrema vulnerabilidade.
A Maplecraft não desaconselha investimentos nessas nações, mas recomenda que cada vez mais as empresas considerem os fatores climáticos nas escolhas de onde investir seu capital.
“Entender a vulnerabilidade climática irá ajudar companhias a fazerem investimentos mais resistentes a mudanças inesperadas”, concluiu Bunce.
(Por Fabiano Ávila, Carbono Brasil, Envolverde, 20/10/2010)