Os líderes mundiais que estarão reunidos na Conferência das Nações Unidas pela Diversidade Biológica, que começa semana que vem em Nagoya (Japão), devem chegar a um acordo para proteger 25% dos continentes e 15% dos oceanos até 2020, se quiserem ter sucesso na solução da crise ambiental do planeta. Esses dados são o resultado de uma nova análise científica divulgada hoje pela Conservação Internacional.
Ampliar as áreas sob proteção oficial é crucial para asssegurar a manutenção da biodiversidade e dos serviços vitais que a natureza oferece às pessoas. Os habitats naturais (e as espécies e os recursos genéticos que eles abrigam) são a base da economia global e fonte de recursos para bilhões de pessoas que dependem diretamente deles para alimentação, renda e abrigo. Atualmente, apenas 13% da superfície terrestre e menos de 1% dos oceanos estão sob proteção legal. Segundo o estudo são necessários pelo menos 17% da superfície terrestre para a proteção de áreas prioritárias para a biodiversidade, além de um percentual que varia entre 6 e 11% a mais para garantir um adequado estoque de carbono em ecossistemas naturais. A pesquisa realizada pela CI considera como áreas protegidas não apenas unidades de proteção integral da natureza, mas também espaços de múltiplos usos como recreação, atividades econômicas sustentáveis ou dedicadas a preservar o seu valor cultural e/ou estético único.
Quando os líderes mundiais se reunirem na Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), que começa na segunda-feira (18/10), em Nagoya, eles irão discutir um conjunto de 20 metas para reduzir a perda de biodiversidade na próxima década, sendo uma delas a necessidade de novas áreas protegidas. Os números que estão sendo discutidos giram em torno de 15 a 20% para superfície terrestre e um percentualainda a ser determinado para os oceanos.
"As metas atuais são claramente míopes e deixam a desejar na proteção da biodiversidade e dos serviços ambientais essenciais ao ser humano. A ciência nos mostra que precisamos de mais áreas protegidas e indica a localização das áreas-chave ", afirma Frank Larsen, da Conservação Internacional, e principal autor da análise. "Há também evidências de que os custos da expansão das áreas protegidas são compensados pelos inúmeros benefícios gerados, incluindo novos empregos e pela capacidade das pessoas de resistirem aos efeitos da mudança climática", conclui o cientista.
Lina Barrera, uma das lideranças da Conservação Internacional para as negociações na CDB, explica que o problema é que a maior parte dos custos são locais, enquanto a maior parte dos benefícios são globais. “Por isso os políticos não vêm muito incentivo para fazer as coisas acontecerem. Chegou a hora de sermos corajosos e realistas sobre a necessidade premente de adotar um caminho rumo a um futuro mais sustentável", acrescenta.
De acordo com o estudo conduzido pela CI, a meta de proteção dos 25% da superfície terrestre e 15% dos oceanos ainda é uma estimativa preliminar e conservadora. A análise enfocou apenas a necessidade de garantir estocagem de carbono. Quando outros importantes serviços ambientais – como fornecimento de água, polinização e pescado – são adicionados à conta, os números aumentarão. Além do mais, sabe-se que, em regiões sob alto impacto de degradação ambiental, as áreas protegidas são provavelmente a única porção de ambiente natural que restará intacta.
(Conservation International, Amazonia.org, 18/10/2010)