O Fórum Regional de Desenvolvimento Regional Sustentável da Transamazônica e Xingu (FORT Xingu) não participou da solenidade de assinatura do Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Xingu (PDRS), lançado pelo presidente Lula nesta quinta-feira, em Belém. O FORT Xingu, que reúne cerca de 180 entidades da sociedade civil dos 11 municípios atingidos pela usina de Belo Monte, é a principal entidade de defesa da implantação da usina, mas tece duras críticas à forma como o PDRS foi discutido e finalizado pelos governos estadual e federal.
Em ofício encaminhado ao governo estadual, o presidente do Fórum, Vilmar Soares, diz que a sociedade civil não concorda com a forma que foi conduzido e elaborado o PDRS Xingu, e por isso mesmo o FORT Xingu não se faria presente ao evento em Belém. "Constatamos que a relação entre o discurso e a prática está longe de uma sintonia harmônica que contribua positivamente para atender as necessidades sociais", critica Vilmar.
Para a entidade, o plano de desenvolvimento foi realizado de maneira incoerente e as ações governamentais no que tange ao mesmo estão fragmentadas e verticalizadas. "Portanto, a não observância de alguns critérios previamente acordados será transformada em prejuízos irreparáveis para nossa região", diz Vilmar no ofício, acrescentando que diante de tais fatos não existe nenhum motivo para a entidade se fazer presente no evento de lançamento do plano.
O Plano - O PDRS do Xingu foi um documento elaborado com o objetivo de planejar uma série de ações que promovam o desenvolvimento sustentável da região e sirva também para compensar os impactos sócio-econômicos da construção da usina de Belo Monte. Mas as entidades da sociedade civil alegam que foram excluídas do processo de discussão e que não tiveram as suas reivindicações atingidas.
O PDRS prevê ações de regularização fundiária, licenciamento ambiental, capacitação, ampliação de escolas e universidades e um plano de transportes rodoviário e hidroviário, para preparar a região para os grandes impactos da construção da hidrelétrica. O maior problema é que da forma como foi concebido, o PDRS se tornou uma grande carta de intenções, sem s e objetivos claros e de difícil acompanhamento por parte da sociedade civil da região.
(Conselho Indigenista Missionário, Amazonia.org, 18/10/2010)