Alguns anos atrás, empresas novas do Vale do Silício como Solyndra, Nanosolar e Miasole, sonhavam em transformar a indústria de energia solar ao reinventar a tecnologia utilizada na fabricação de painéis - a mudança reduziria profundamente os custos de produção.
Fundadas por veteranos do Vale e de indústrias do disco rígido, as empresas atraíram milhões de dólares em investimentos de capital de risco na esperança de que sua avançada tecnologia "thin film" pudesse torná-las uma Intel ou Apple da indústria solar global.
Mas, quando as empresas finalmente começaram sua fabricação em grande escala em massa – a Solyndra deu início à produção em uma fábrica de US$ 733 milhões (R$ 1,2 bilhão, em valores atuais) no mês passado –, elas descobriram que a economia do setor já foi transformada pelos fabricantes chineses.
As fábricas chinesas, fortemente subsidiados pelo governo e dependentes de grandes economias de escala, têm ajudado a derrubar o preço dos painéis solares convencionais e atraído uma fatia de mercado muito mais rapidamente do que qualquer um esperava.
Como resultado, as empresas da Califórnia, antes confiantes de que poderiam passar a perna na competição, estão lutando para refazer suas estratégias e encontrar novos nichos nos quais possam prosperar.
"É de querer chorar"
"O mercado de energia solar mudou tanto que é quase o suficiente para fazer você querer chorar", disse José Laia, diretor executivo da Miasole. "Nós gastamos muito mais tempo e energia nos concentrando nos custos de um ano ou dois antes mesmo de acharmos isso necessário".
Os desafios têm surgido, a despeito do extenso apoio público e privado para as empresas do Vale do Silício. A Solyndra, uma das maiores empresas, arrecadou mais de US$ 1 bilhão de seus investidores. O governo federal concedeu uma garantia de empréstimo de US$ 535 milhões para o novo painel solar comandado por um robô que tem 30 mil metros quadrados, conhecido como Fab 2.
Empresas do Vale do Silício como a Solyndra, a Nanosolar e a Miasole continuam a receber centenas de milhões de dólares em pedidos de clientes - e algumas planejam expandir a produção local. Mas a rápida ascensão de fabricantes chineses de baixo custo tem deixado os investidores – que antes imaginavam o futuro da região como o Vale da Energia Solar – temerosos com relação a apoiar a novas empresas.
No terceiro trimestre de 2010, o investimento de capital de risco em empresas de energia solar caiu de US$ 451 milhões para US$144 milhões, segundo a Cleantech Group, uma firma de pesquisa de San Francisco.
"Como você luta contra enormes subsídios, empréstimos a juros baixos, mão de obra barata e uma estratégia governamental para torná-lo número um em energia solar?" questiona Conrad Burke, chefe da Innovalight, outra empresa do setor.
(IG, 18/10/2010)