Um derramamento de óleo do navio Baltic Champion, de bandeira maltesa, no canal de acesso ao Porto do Rio Grande, mobilizou hoje autoridades da área portuária, órgãos ambientais e a Petrobras. O vazamento ocorreu por volta das 4h desta madrugada, durante o abastecimento do navio, que estava atracado no píer do terminal da Transpetro, descarregando petróleo para a Refinaria Riograndense.
Conforme a Capitania dos Portos, "tudo indica que o tanque da embarcação transbordou". Na água caíram em torno de 300 litros de bunker (óleo combustível marítimo) - MS 380 -, mas outra grande parte ficou concentrada no convés da embarcação.
Segundo o superintendente do Porto de Rio Grande, Jayme Ramis, vazaram em torno de 3.300 litros de óleo, sendo que 3.000 litros ficaram retidos dentro do navio e foram recolhidos e armazenados em contêineres apropriados. Os outros 300 litros que escorreram para a água foram vistos pela manhã e atingiram a região próxima do cais da Transpetro, sendo que parte também chegou à margem do estuário da Lagoa dos Patos, na chamada Vila das Barraquinhas. Neste último local, o óleo preto e grosso ficou concentrado na água, pedras e redes de pesca. Também atingiu embarcações de pescadores lá residentes. Um cheiro forte exalava do produto.
Os pescadores que tiveram barcos e redes atingidos se mostraram preocupados. Disseram que as redes ficarão inutilizadas. "Esse óleo 'cola' e não sai", disseram, e a pintura dos barcos ficará estragada. Além disso, receiam não poder pescar no local nos próximos dias, como costumam fazer. Ramis disse que até a tarde de ontem não foi identificado nenhum problema ambiental. A Capitania dos Portos mobilizou helicópteros, pela manhã, para verificar a extensão da mancha de bunker, e lanchas na coleta de amostras do produto que atingiu a água. A intenção é confrontar com as amostras do tanque do navio, visando a confirmar a origem. Ao longo do dia, uma lancha foi mantida no entorno da área afetada para monitorar a situação.
Hoje pela manhã, a mancha de óleo tinha aproximadamente 300 metros quadrados, segundo a Capitania. "Estamos iniciando um processo administrativo para apurar responsabilidades. Pode ter sido uma falha do terminal ou do navio. Temos uma equipe investigando", relatou o capitão dos portos do Rio Grande do Sul, Sérgio Luiz Correia de Vasconcelos. As operações no porto rio-grandino não foram afetadas. De acordo com Jayme Ramis, a Petrobras mobilizou a empresa Alpina Ambiental, contratada pela estatal em nível nacional, para fazer a contenção do óleo que caiu na água. Barreiras de contenção foram colocadas em torno da área atingida, que não abrange a Vila das Barraquinhas, para evitar que o produto se espalhasse. Depois, foi providenciado o início da remoção do óleo da água, com o uso de um caminhão a vácuo, sem previsão para término.
Na Vila das Barraquinhas, à tarde, alguns moradores ajudavam na retirada do produto da água. Também à tarde, a Comissão Municipal de Defesa Civil, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente e uma equipe da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) estavam verificando a área atingida. O coordenador da Defesa Civil, Adinelson Troca, disse que estava aguardando informações técnicas da Fepam para poder avaliar melhor o caso. "A empresa contratada pela Petrobras está fazendo a limpeza", informou.
Petrobras
No final da tarde de hoje, em nota à imprensa encaminhada por sua assessoria no Rio de janeiro, a Petrobras confirmou que o vazamento ocorreu em operação de abastecimento de combustível do navio Baltic Champion, "cuja condução técnica é atribuição do armador do navio, sob os cuidados de seu comandante e respectiva tripulação, não cabendo à Petrobras nenhuma responsabilidade sobre o fato". Na nota, a Petrobras também observa que o representante do navio no Brasil é a empresa Cranston Marine and P&I Consultants Ltda.
"Embora não tenha responsabilidade sobre o incidente, a Petrobras está apoiando o trabalho de contenção e recolhimento do óleo no local, através de seus recursos locais e experiência técnica de combate a contingências", destacou.
(Por Carmem Ziebell, Jornal Agora, 15/10/2010)