O arquiteto Marcelo Allet, coordenador do Grupo de Trabalho da Orla da Secretaria do Planejamento Municipal (SPM), tem um diagnóstico do que precisa ser feito para que a orla do Guaíba volte a fazer parte da vida dos porto-alegrenses. "Ela precisa se transformar em um polo de atração turística, cultural, comercial e de serviços. É fundamental melhorar a qualidade paisagística e ambiental, colocar uma pavimentação adequada e também investir em equipamentos para a diversão que permitam que a população tenha o que fazer durante os 365 dias do ano".
Para Allet, é necessário investir em um sistema de segurança com a participação da Brigada Militar e da Guarda Municipal. "A orla tem que ser um local atrativo, iluminado e agradável, com serviços diferenciados e exclusivos." O arquiteto participou nesta quinta-feira do Seminário Internacional Porto Alegre de Frente para o Guaíba, na Pucrs.
No painel Os Esforços de Planejamento da Prefeitura Municipal de Porto Alegre e as Perspectivas de Qualificação Urbanística da Orla Central da Cidade para a Copa do Mundo de 2014, o arquiteto salienta que ainda é prematuro afirmar que as obras estarão concluídas até 2014. No entanto, ele adianta que a região necessita de banheiros públicos, de restaurantes, de cafés e de estacionamentos contemplativos. "A orla do Guaíba precisa de elementos de urbanização para atrair a população. No entanto, é fundamental respeitar a questão ambiental", comenta. De acordo com ele, hoje a área em seus 70 quilômetros de extensão não possui nenhum atrativo. "Não tem iluminação, segurança e espaços contemplativos. Se não tivermos parceiros, a orla vai permanecer alijada do convívio de grande parte da população", acrescenta.
No entanto, o Movimento em Defesa da Orla do Guaíba, que participou da palestra, discorda da posição da prefeitura e entende que está ocorrendo a privatização do espaço público. O integrante do movimento Eduino de Mattos salienta que uma cidade não deve se submeter aos interesses da especulação imobiliária. "É uma modernidade que não reconhece a necessidade da preservação das áreas ambientais, culturais e dos espaços de convivência da população que construíram a cidade", comenta.
Para Mattos, a orla não deve ter construções de prédios, hotéis e estacionamentos. Entretanto, ele defende uma área limpa, iluminada, com segurança e acesso através de ciclovias. O movimento apresentou o projeto Museu das Águas, que seria construído em uma área entre os armazéns tombados do Cais Mauá, a Usina do Gasômetro e o museu Iberê Camargo. O local teria informações sobre rios, lagos, qualidade da água e como ocorreram as ocupações das orlas. O movimento também defende a ligação da zona Sul com o Centro através do transporte hidroviário.
(JC-RS, 14/10/2010)