A Energia Sustentável do Brasil constatou que está se formando uma indústria de invasões na região do município de Mutum-Paraná, em Rondônia, para reivindicar indenizações pela construção da hidrelétrica de Jirau (3.450 MW). A empresa já identificou 140 casas construídas ou em construção na região a ser afetada pelo reservatória da usina. Segundo Victor Paranhos, presidente da ESBR, boatos na região dizem que as pessoas teriam direito a uma indenização de R$ 20 mil.
Mas o executivo esclarece que as indenizações são apenas para moradores da localidade até o início da construção da usina. Com isso, estão cadastradas pela empresa 299 famílias na área urbana de Mutum-Paraná, onde está ocorrendo as invasões. Paranhos disse que 96% das famílias cadastradas já fecharam acordos com a ESBR e os outros ainda estão em negociação devido a problemas de identificação dos proprietários. A empresa dá três opções: indenização pelas benfeitorias, carta de crédito e nova moradia no assentamento Nova Mutum.
Os Ministérios Público Federal e Estadual de Rondônia intervieram no caso, pedindo à Justiça que suspenda decisão liminar concedida em favor da empresa para a retirada dos invasores. O pedido foi acatado pelo juiz federal Flávio Andrade, que marcou reunião para o próximo dia 29 de outubro na qual será tratada questão. O juiz apontou que que entre os moradores de Mutum-Paraná "há pessoas oportunistas buscando indevidamente uma indenização e uma residência no assentamento construído pela ESBR". Para os Mps, não teria sido feito levantamento preciso da situação dos moradores.
De acordo com Paranhos, a documentação da empresa será apresentada a pedido da Justiça. O relatório fotográfico, ao qual a Agência CanalEnergia teve acesso, mostra que algumas benfeitorias estão sendo construidas, não tendo telhado por vezes. A empresa fez ainda um mapeamento aéreo, que mostra as invasões nas cercanias da área urbana do município. "Temos certeza absoluta de que está se criando uma indústria da invasão. Vamos mostrar que o nosso processo está certo, que o cadastro está certo. O MP vai ver que estamos certo e vai nos apoiar", observou Paranhos em entrevista à reportagem.
(Por Alexandre Canazio, Canal Energia, 14/10/2010)