O Rio se prepara para uma revolução verde na gestão de seu lixo. O encerramento do Aterro Metropolitano de Gramacho, que por anos recebeu todo o lixo da Região Metropolitana, e a nova central de tratamento de resíduos (CTR) Ciclus, que passará a receber a partir de 2011 todo o lixo de Rio de Janeiro, Itaguaí e Seropédica, vão gerar uma redução recorde na emissão de gases de efeito estufa, através do aproveitamento bioenergético do gás formado pela decomposição dos resíduos orgânicos. A mitigação estimada nos empreendimentos é de 1,9 milhão de toneladas de CO2 por ano. É como se 1,4 milhão de carros movidos a gasolina deixassem de circular pela cidade.
A Ciclus tira a Região Metropolitana do século XX, com seus lixões a céu aberto repletos de catadores trabalhando em condições degradantes, e a coloca no século XXI. A moderna CTR será construída com a tecnologia de ponta dos países com gestão de resíduo mais avançada do mundo. O solo receberá uma tripla impermeabilização de base reforçada, com duas mantas de polietileno de alta densidade e, no meio delas, um sistema de sensores interligados para dar total segurança ao aterro. A CTR, que terá capacidade para receber 9 mil toneladas de lixo por dia, será a primeira do Brasil com tantos recursos de controle de qualidade ambiental – as novidades implementadas devem se tornar referência até para os órgãos ambientais.
O aproveitamento bioenergético é capaz de gerar 30 MW de energia quando a CTR estiver em pleno funcionamento, o que corresponde à iluminação de uma cidade de 200 mil habitantes. Além disso, nas estações de transferência de resíduos (ETRs) que beneficiarão o lixo recolhido no Rio, serão implantas usinas de geração de energia limpa a partir da destruição térmica do lixo. A tecnologia, largamente utilizada na Europa, filtra os gases poluentes, reduz significativamente o volume de lixo que vai para o aterro e gera energia.
A redução de emissões propiciada pelo novo empreendimento permitirá que a prefeitura do Rio de Janeiro cumpra a sua meta de redução de Gases de Efeito Estufa, assinada voluntariamente pelo prefeito Eduardo Paes no fim do ano passado, na ocasião da apresentação do Plano Rio Sustentável, pouco antes da Conferência das Nações Unidas (COP 15), em Copenhague. O objetivo é reduzir as emissões em 8% até 2012, 16% até 2015 e 20% até 2020. Os lixões ainda existentes na Região Metropolitana do Rio são responsáveis, ainda hoje, por uma das maiores parcelas de lançamento de gás estufa no Estado do Rio.
A nova Central de Tratamento de Resíduos do Rio é fundamental para a estratégia de tornar os Jogos Olímpicos de 2016 as olimpíadas verdes, um evento marcado pela atitude sustentável. Além disso, a redução de emissões e o encerramento dos lixões estão na lista de encargos elaborada pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). Com o empreendimento implantado, as duas metas poderão ser cumpridas.
(Envolverde/Plurale, 14/10/2010)