"A orla do Guaíba tem mais de 70 quilômetros de extensão e necessita de uma ocupação sustentável 24 horas por dia. Não podemos pensar neste espaço de lazer somente no verão, na primavera ou nos dias de calor. Temos que ter um local de aprendizagem para o ano todo que possibilite que a população aprenda sobre sustentabilidade". Para o professor de Economia da Pucrs Leandro de Lemos, o lago Guaíba é a oportunidade de se criar uma universidade aberta de relação com o meio ambiente, além de pequenas atividades de educação para a mudança de postura na escola, na família, na universidade e nas empresas. Lemos participou ontem do Seminário Internacional Porto Alegre de Frente para o Guaíba, ocorrido na Pucrs.
Na palestra Habitats e Clusters Naturais em Ambientes Urbanos: Crescimento Versus Desenvolvimento Econômico, o economista defendeu uma aproximação dos porto-alegrenses da orla do Guaíba. "A população não deve esquecer da orla. É fundamental que tenhamos atividades durante todo o ano", destaca. De acordo com Lemos, as autoridades estaduais e municipais planejam suas ações na orla apenas durante dias de sol, que segundo sua explanação são apenas 73 por ano na Capital. "O restante do ano, 280 dias, o Guaíba é completamente esquecido pela comunidade e pelas autoridades", provoca.
Lemos, por outro lado, elogiou o projeto do Museu das Águas que prevê a criação de um espaço na orla do Guaíba para que as pessoas aprendam sobre a história da água, dos rios e dos lagos. "O Guaíba tem fauna e flora. Mas devido a sua coloração a gente não consegue enxergar", acrescenta. Para o economista, o grande desafio das empresas, das universidades, da população e dos governos municipal e estadual é trabalhar em conjunto para planejar a execução de um modelo de atividades culturais, econômicas e turísticas na área que tenham sustentabilidade por muito tempo.
Para o prefeito José Fortunati, a qualificação da orla do Guaíba poderá ocorrer com a construção de marinas públicas, espaços de convivência e áreas para a prática de esportes sempre preservando a questão ambiental. "A reconciliação de Porto Alegre com o Guaíba exige a união de parceiros públicos, privados e, principalmente, a mobilização da sociedade", comenta. Fortunati acredita no resgate da orla do Guaíba para atividades de lazer, turismo e geração de emprego e renda.
(JC-RS, 14/10/2010)