A intensa estiagem que castiga toda a Região Norte desde junho deste ano começa a comprometer o abastecimento de Rio Branco e demais cidades vizinhas. O rio Madeira, que dá acesso ao Acre pela BR-364, está assoreando e vem dificultando a navegação. Dependendo do peso das cargas, o atraso na entrega de mercadoria pode ser de até 30 horas.
Duas das três balsas existentes para o serviço que atuam na travessia de caminhões e passageiros podem levar até uma hora de uma margem à outra do rio. Os balseiros fazem uma espécie de ziguezague pelo manancial, evitando os bancos de areia para chegar ao outro lado.
Segundo o inspetor da PRF Esmael Barbosa, a travessia está cada vez mais crítica e se o leio do rio baixar 40 centímetros a navegação será suspensa no local. Além da travessia, os caminhões têm dificuldade ainda de subir o barranco formado pela seca até chegar à margem da BR.
“Apenas duas balsas conseguem fazer a travessia. São colocados até dois caminhões em uma das balsas e, dependendo do peso, há casos em que apenas um caminhão já deixa a viagem mais lenta. A outra balsa é para o transporte de carros de passeio e passageiros, o que também tem sido demorado. Se continuar baixando é provável que o Acre fique isolado”, alerta.
O gerente de transporte e logística da rede de supermercados Araújo, Marcos Lima, relata que os clientes ainda não sentiram os impactos da seca sob o abastecimento das prateleiras, pois a empresa trabalha com logística de estoque. Porém, ele arrisca que se os caminhões atrasarem ainda mais pode ser que essa realidade seja modificada.
Os caminhões têm variação de atraso de 25 a 30 horas, o que pode futuramente implicar a qualidade das mercadorias, principalmente frutas e legumes. Outro reflexo da seca bem visível é do preço da gasolina, que em todos os postos da cidade já ultrapassa o valor de R$ 3.
“A expectativa é de que comece logo a chover. A gasolina está cara e pouca e se o Madeira continuar secando os caminhões de combustível não terão como preencher os reservatórios dos postos”, apontou a frentista Kely Nascimento.
(Por Lyslane Mendes, Página 20, Amazonia.org, 13/10/2010)