(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
pegada ecológica proteção da água
2010-10-13 | Tatianaf

Quantos litros de água são necessários para produzir um quilo de uva? O esforço para medir a “pegada hídrica” deste e outros produtos de exportação chilenos pode dar frutos no final do ano. Trata-se de um indicador com potencialidades e limitações, afirmam especialistas. A pegada hídrica é o volume total de água doce usado na produção de bens e serviços. Pode ser calculada para um produto, uma empresa ou um país.

“Talvez, a pegada de água não siga o mesmo caminho da pegada de carbono, mas o certo é que chama as empresas a repensarem a gestão de seus recursos hídricos”, disse ao Terramérica Rodrigo Acevedo, chefe de projetos de agroindústria da Fundação Chile, entidade que mede esse indicador no país. “Trata-se de uma mudança de modelo”, segundo Rodrigo, pois obrigará as empresas a “irem além dos conceitos legais”, como os direitos de aproveitamento de água, e considerar os efeitos de seu consumo na sustentabilidade das bacias hídricas e de seu próprio negócio.

No momento, a entidade que lidera a definição de padrões é a Water Footprint Network (Rede de Pegada Hídrica), uma fundação sem fins lucrativos com sede na Holanda que já calculou a pegada de uma xícara de café, que é de 140 litros de água, e a de um quilo de arroz, que chega a três mil litros. Para fazer o cálculo, são consideradas três “pegadas”: a verde, que corresponde à contribuição das chuvas; a azul, referente às captações de águas superficiais e subterrâneas; e a cinza, que inclui a contaminação gerada no processo produtivo.

Entre os associados chilenos da Water Footprint Network figuram a Fundação Chile, a estatal Universidade do Chile, a consultoria Green Solutions e as empresas vinicultoras Concha y Toro, De Martino e Errázuriz. A Fundação Chile foi criada pela norte-americana ITT Corporation – dedicada à água e ao saneamento, ao armamento, à tecnologia para satélite e ao transporte –, pelo Estado chileno e pela empresa exploradora de cobre Minera Escondida, propriedade do grupo minerador e petroleiro anglo-australiano BHP Billiton.

Hoje, a Fundação mede de forma-piloto a pegada de água de produtos e empresas, principalmente na região de Atacama, semidesértica, com escassez hídrica, grande mineração e agricultura de exportação. Em dezembro, estarão prontos os resultados de seis empresas agrícolas das bacias dos rios Copiapó e Huasco, em Atacama, produtoras de uva, abacate, hortaliças e azeitonas. Como parte desses dados, a instituição está calculando o traço hídrico de toda a bacia de Huasco. E para ter esse mapa completo se dispõe a medir, pela primeira vez no mundo, o impacto da atividade mineradora na água.

Já existem companhias interessadas. Nessa região fica a controvertida mina binacional de ouro e prata Pascua Lama, que será explorada pela canadense Barrick Gold. “Vemos a medição de bacias muito mais interessante do que a de empresas”, disse ao Terramérica a diretora de água e indústria da área de meio ambiente da Fundação Chile, Ulrike Broschek. É que a pegada hídrica não é comparável se as empresas que produzem determinado bem estão situadas em lugares geográficos com diferentes padrões pluviométricos ou composições do solo.

Já na bacia, “posso concluir que a uva é muito mais eficiente em termos de consumo hídrico do que a hortaliça, ou vice-versa”, explicou Ulrike. Isto implica “determinar os reais impactos de cada atividade dentro de uma bacia”, considerando diversos fatores, como a produtividade, afirmou. Com os resultados em mãos, a entidade pretende criar cenários no Huasco, como a entrada em operação de uma nova mineradora ou uma temporada de seca, e depois seguir com outras bacias, completou.

Com essas aplicações, a pegada hídrica pode se converter em um instrumento de gestão pública e privada, ressaltou Ulrike, considerando os inúmeros conflitos dos últimos anos pela contaminação de cursos de água e a contraposição de interesses de setores mineiradores, agrícolas, sanitários e hidrelétricos. Apesar de o interesse empresarial pela pegada hídrica costumar nascer com um sentido de marketing, logo se entende que é o primeiro passo para melhorar a eficiência, afirmou.

Junto com o Ministério da Agricultura, a Fundação mede a pegada hídrica individual de diferentes produtos agrícolas e florestais, como uva, maçã, abacate e arando. Primeiro será estimada uma média nacional por produto e depois será contextualizada de acordo com a zona geográfica de produção e sustentabilidade da bacia associada, disse Rodrigo, que calcula a pegada hídrica da Concha Y Toro para suas atividades agrícolas e de engarrafamento de seus vinhos famosos.

Embora não seja ainda uma exigência do mercado internacional, a pegada de água é uma oportunidade de “gerar fidelização, diferenciação e valor agregado aos produtos”, disse ao Terramérica a chefe de comércio sustentável da Direção de Promoção de Exportações, Paola Conca. “Comunicar a pegada de água pode ser um fator de competição” para a América Latina, e “o Chile pode ser o pioneiro em estabelecer metodologias”, pelo desenvolvimento de seu mercado privado de água, disse ao Terramérica o diretor de desenvolvimento sustentável e assentamentos humanos da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), Joseluis Samaniego.

Por sua vocação exportadora, o Chile tomou a decisão de participar do debate sobre a pegada hídrica, e não esperar que a comunidade internacional imponha parâmetros pouco convenientes, disse Rodrigo. Ele acredita que esses parâmetros serão realidade em dois ou três anos, como um selo de “água sustentável”, que garanta que o produto não provém de bacias estressadas.

(Por Daniela Estrada, Envolverde/Terramérica, 13/10/2010)


desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -