A obrigatoriedade de certificação para os produtores de alimentos orgânicos brasileiros, a partir de janeiro de 2011, trará benefícios para o setor e o país, analisou em entrevista à Agência Brasil a diretora da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Silvia Wachsner. “Vai haver uma dinâmica no mercado. Significa ter uma legislação brasileira, que seja transparente para o consumidor”.
Silvia Wachsner destacou que o selo do governo vai expressar, para os consumidores, que o produtor está dentro das normas do Estado brasileiro. “E pode confiar que esse é um produto orgânico, porque vai dar transparência ao sistema e todo mundo vai estar enquadrado na mesma lei”.
No Rio de Janeiro, o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-RJ) e a SNA desenvolveram um projeto para certificação de pequenos agricultores orgânicos. O projeto abrange 64 produtores, dos quais mais de 30% já obtiveram certificados de conformidade da produção orgânica. Os pequenos produtores vendem seus produtos em feiras orgânicas municipais e, a partir da certificação, poderão ter acesso a varejos maiores.
Para a diretora da SNA, o selo de origem vai ajudar a expandir os mercados fluminense e nacional de orgânicos. “Existe mais demanda do consumidor de comprar produtos orgânicos do que oferta. Lamentavelmente, a oferta de orgânicos não só no Rio, mas no Brasil, ainda é pequena. Temos muito para produzir, porque existe demanda”, afirmou. Ela acrescentou que os agricultores que insistirem nesse mercado terão muitas vantagens e oportunidades de crescimento.
A certificação permitirá ao governo fazer o mapeamento do setor orgânico. Os últimos dados disponíveis se referem ao Censo Agropecuário de 2006, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2009. Os números revelam a existência de 90 mil agricultores orgânicos no país, em 2006.
Com patrocínio do Sebrae-RJ e apoio da SNA, está ocorrendo em Três Rios um seminário para debater as novidades sobre a produção e comercialização de orgânicos na região centro-sul fluminense, bem como informar os produtores sobre os efeitos da legislação no setor.
O consumo de alimentos orgânicos é uma tendência mundial, observou SilviaWachsner. Ela lembrou que, de acordo com a lei, as tecnologias têm de ser adaptadas para o sistema orgânico de produção. A regulamentação da lei define o prazo de cinco anos para que o produtor adote insumo também orgânico na produção.
“Você não pode usar derivados do petróleo, fertilizantes sintéticos ou químicos. Você tem para a agricultura orgânica insumos específicos e daqui a dois anos nós vamos ter que trabalhar somente com sementes orgânicas. Vai ser um desafio para a cadeia e os pequenos produtores orgânicos”.
Ao contrário da agricultura tradicional, baseada em grandes monoculturas e extensas áreas, a produção orgânica se caracteriza por várias culturas em um mesmo espaço, “porque uma protege a outra de pragas e insetos”, afirmou a diretora da SNA.
(Agência Brasil, Amazônia.org, 08/10/2010)