(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
acidentes tóxicos substâncias químicas tóxicas
2010-10-08 | Tatianaf

Em visita à região atingida pela lama vermelha que vazou de uma refinaria na segunda-feira, o premiê Viktor Orban descreveu o incidente como um desastre sem precedentes na Hungria. “Se tivesse acontecido à noite, todos teriam morrido”, disse ele à agência de notícias estatal MTI. “Isso é tão irresponsável que é impossível encontrar palavras.”

Um depósito de uma refinaria em Ajka (160 km a oeste de Budapeste) se rompeu por razões ainda desconhecidas, e cerca de 700 mil metros cúbicos de resíduos tóxicos foram espalhados pela região de Kolontar e outras duas vilas, deixando quatro mortos e cerca de 150 feridos. Reportagem da Associated Press.

O vazamento ainda carregou carros nas ruas, danificou casas e pontes, e levou cerca de 400 moradores a deixarem a região. O governo decretou estado de emergência em três Departamentos (Estados) –Veszprém, Gyor-Moson-Sopron e Vas.

Com a chuva dando lugar a um tempo seco e mais quente nos últimos dois dias, a lama vermelha começa a se transformar em poeira, que voa com o vento e pode causar problemas respiratórios, alertou o ministro de Ambiente da Hungria, Zoltan Illes.

A lama de cor avermelhada tem “uma alta concentração de metais pesados”, alguns dos quais podem causar câncer, disse Illes. “Se aquilo secar, o vento pode soprar…a contaminação de metais pesados [aconteceria] pelo sistema respiratório”, disse ele.

Ele também alertou para possíveis tragédias ambientais, particularmente se esses metais penetrarem no sistema de lençóis freáticos.

Os efeitos de longo prazo para a região agrícola também são devastadores. Cerca de 800 hectares de solo superficial terá de ser removido e substituído, porque a lama altamente alcalina destruiu todos os nutrientes e organismos necessários para manter o solo fértil, segundo o ministro do Ambiente.

Por outro lado, a Academia Húngara de Ciências manteve que o material continua perigoso, mas que sua concentração de metais pesados não é considerada perigosa para o ambiente.

“A academia pode dizer o que quiser”, discordou Barbara Szalai Szita, que vive em Devecser, uma das vilas mais atingidas. “Tudo o que sei é que se passo 30 minutos lá fora, fico com um gosto estranho na boca e sinto minha língua estranha.”

DANÚBIO E AFLUENTES
Em meio a informações desencontradas, pelo menos uma notícia animadora: o importante rio Danúbio, segundo maior da Europa, parece estar absorvendo a lama vermelha com pouco estrago, além de alguns poucos peixes mortos aqui e ali. A União Europeia e autoridades ambientais temem uma catástrofe ambiental afetando meia dúzia de países se a lama vermelha contaminar o Danúbio.

A esperança é que, com seu grande volume de água, o Danúbio consiga reduzir o impacto do vazamento. Equipes trabalhavam para reduzir a alcalinidade do vazamento, colocando centenas de toneladas de gesso e ácido acético (vinagre).

A lama vermelha chegou aos afluentes no oeste do Danúbio no começo desta quinta-feira, e fluiu até seu leito principal por volta do meio-dia local. Até a noite, seguia para o sul em direção à Sérvia e à Romênia.

Depois do local do acidente, o Danúbio passa dentro ou pelas margens do território da Croácia, Sérvia, Bulgária, Romênia, Moldova e Ucrânia, a caminho do Mar Negro. Em estações de monitoramento na Croácia, Sérvia e Romênia, autoridades retiravam amostras do rio de hora em hora para verificar a qualidade da água.

Já os afluentes do Danúbio na área do vazamento não tiveram tanta sorte. O rio Marcal, tingido de ocre e já sem peixes ou qualquer outro tipo de vida aquática, foi declarado uma área morta.

“A vida no rio Marcal foi extinta”, disse Tibor Dobson, porta-voz das equipes de emergência. “O esforço central agora está sendo concentrado no Raba e no Danúbio. É isso que resta a ser salvo.”

PH
Dobson disse que pH da lama vermelha chegando ao Danúbio foi reduzido ao ponto em que é improvável que cause mais estragos ambientais. Anteriormente, o pH tinha sido de 13, e agora estaria abaixo de 10, e nenhum peixe morto foi encontrado na área onde o material adentrou o Danúbio, disse ele.

O pH da substância ao chegar aos rios Raba, Mosoni-Danúbio e Danúbio estava ao redor de 9.

Dados recentes do órgão responsável pelas águas, informados pela agência de notícias MTI, mostrava os níveis de pH chegando a um máximo de 9,65 no rio Mosoni-Danúbio na cidade de Gyor. Eles foram medidos em 8,4 no Danúbio.

O pH neutro para a água é de 7, com leituras normais variando de 6,5 a 8,5 –sendo cada vez mais ácido em direção ao 0, e mais alcalino em direção ao 14. Cada valor de pH é dez vezes o valor anterior, então um pH de 13 é 1.000 vezes mais alcalino que um pH de 10.

ALERTA VERMELHO
A região do Danúbio é cercada por fábricas e refinarias remanescentes do período comunista, algumas já desativadas, mas outras ainda em operação –e com suas instalações ficando cada vez mais velhas e sujeitas a acidentes.

O reservatório de onde vazou a lama tóxica na Hungria esta semana já tinha aparecido em uma lista, em 2006, de 150 pontos industriais sob risco de acidentes que pudessem contaminar o rio Danúbio, segundo um grupo ambientalista citado pelo jornal “New York Times”.

O grupo Comissão Internacional para a Proteção do Rio Danúbio coordena atividades de conservação entre os 14 países por onde passa o Danúbio –segundo maior rio da Europa– ou seus afluentes.

“Países e empresas vêm tentando progressivamente lidar com esse problema, mas, claramente, quaisquer ações que tenham sido tomadas aqui não foram o suficiente”, disse ao “NYT” Philip Weller, secretário-executivo da comissão, com sede em Viena. “Isso reitera pra nós a necessidade de adotar medidas preventivas.”

LAMA TÓXICA
A lama vermelha é um resíduo do processo de transformação da bauxita em alumina, matéria-prima para a fabricação do alumínio. A produção de uma tonelada de alumínio gera quase três toneladas de lama vermelha.

“A substância espessa e altamente alcalina tem um efeito cáustico na pele. A lama contém metais pesados, como chumbo, e é levemente radioativa. Inalar sua poeira pode causa câncer de pulmão”, informa a Unidade de Desastres Naturais da Hungria em seu site. A unidade recomendou às pessoas limpar a lama com água para neutralizar a substância.

Representantes de organizações industriais em Londres e nos EUA não souberam explicar como as vítimas na Hungria foram queimadas com o material, alegando que, se apropriadamente armazenado, ele não é perigoso.

É comum estocar o resíduo em tanques onde a água, aos poucos, evapora, deixando para trás um resíduo vermelho como terra, disseram autoridades. Porém, o ambientalista húngaro Gergely Simon disse que o resíduo envolvido no desastre estava se acumulando no reservatório por décadas e estava extremamente alcalino, com um pH em torno de 13 –quase o mesmo que a soda cáustica– e isso causou as queimaduras.

Como queimaduras químicas podem levar dias para aparecer, ferimentos aparentemente superficiais podem vir a ser letais conforme penetram em tecidos mais profundos da pele, explicou o médico Peter Jakabor, do hospital Gyor, à TV estatal.

A empresa MAL Rt, dona da refinaria de Ajka, disse que a lama vermelha não é considerada um resíduo perigoso segundo os padrões da União Europeia. A empresa também negou que deveria ter sido mais cautelosa com o reservatório.

EXTENSÃO DO ESTRAGO
Especialistas afirmam que grandes danos para além das fronteiras da Hungria são improváveis, mas que a ameaça deve ser monitorada de perto.

“Está claro que as consequências disso são maiores na área local, e que as implicações no nível aléms das fronteiras, pelo que entendemos, não serão signficativas –o que não significa que não existam”, disse Philip Weller, secretário-executivo da Comissão Internacional para a Proteção do Rio Danúbio.

“Com base em nossas estimativas atuais, a poluição vai ficar contida na Hungria, e também confiamos que vá chegar a Budapeste com valores de pH aceitáveis”, disse Gabor Figeczky, diretora do grupo ambientalista WWF na Hungria.

(Associated Press, Folha.com, EcoDebate, 08/10/2010)


desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -