O anúncio foi feito esta quinta-feira pelo chefe regional dos serviços anti-catástrofes, Tibor Dobson. “O ecossistema completo do rio Marcal foi destruído porque a taxa de alcalinidade muito elevada matou tudo”, declarou o responsável à agência de notícias húngara MTI.
“Todos os peixes morreram e também não pudemos salvar a vegetação”, disse, adiantando que “o Marcal recebeu a sua `pena de morte` quando a lama vermelha entrou de repente pelo rio Torna”.
“Tentamos diminuir a taxa de alcalinidade do Marcal em vários pontos com gesso e ácido, mas foi em vão”, adiantou Dobson, sublinhando que o objetivo era diminuir a taxa abaixo de 9 nos rios Raab e Danúbio para salvar os ecossistemas. A taxa normal é oito, numa escala que pode ir até 14, acrescentou o mesmo responsável.
A poluição atingiu o braço principal do Danúbio e, por enquanto, não houve relatórios de peixes mortos nos dois rios.
Na segunda-feira, uma fuga de lamas vermelhas de um reservatório de uma fábrica de alumínio na cidade de Ajka (160 quilómetros a oeste de Budapeste) atingiu duas aldeias: Devecser e Kolontar. Este acidente industrial sem precedentes na Hungria já causou quatro mortos, incluindo uma criança de 14 meses, e mais de 120 feridos. Três pessoas continuam desaparecidas.
Ao longo do percurso, através de vários rios, as lamas vermelhas diluíram-se na água e já não são visíveis a olho nu, devido, em parte, à utilização de agentes neutralizantes pelos bombeiros e operários.
Os países atravessados pelo rio (Alemanha, Eslováquia, Croácia, Sérvia, Bulgária, Roménia e Ucrânia) correm agora fortes riscos de contaminação. O Danúbio, que tem diferentes nomes consoante o país que atravessa, segue no sentido oeste-leste. A sua nascente situa-se na Floresta Negra, na Alemanha, pelo que esse país poderá estar livre de contaminação. Já grandes capitais europeias, como Viena, Budapeste e Belgrado - por onde o rio passa em direcção ao Mar Negro, onde desagua - encontram-se sob alerta.
A lama vermelha tóxica provoca reações alérgicas em contato com a pele e a morte, no caso de a água contaminada ser ingerida.
Na manhã desta quinta-feira, o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, visitou Kolontar, onde considerou que a reconstrução das zonas mais destruídas da aldeia era muito problemática. "Infelizmente, tenho a impressão que qualquer esforço de reconstrução aqui, além da ponte, é inútil", declarou, segundo o Diário de Notícias.
"Provavelmente será preciso criar um novo território para os habitantes da aldeia e destruir esta parte da localidade para sempre, uma vez que é impossível viver aqui", acrescentou Orban.
(Envolverde/Revista Fórum, 07/10/2010)