O Partido Verde (PV) pretende apresentar no segundo turno das eleições presidenciais uma "plataforma programática mínima" aos candidatos Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB). O projeto, segundo informações do Jornal DCI, terá 14 pontos e incluirá a revisão da hidrelétrica de Belo Monte, no Xingu (PA), a manutenção do Código Florestal e a suspensão das novas centrais nucleares.
As condicionantes serão fundamentais para que Marina Silva, terceira colocada no primeiro turno, decida quem irá apoiar. A decisão deve sair em até 15 dias. Estão em jogo os 20 milhões de votos que ela recebeu e que contribuíram para adiar a eleição do novo presidente da República.
Durante a semana Marina disse aos jornalistas que pretende iniciar um processo de consulta aos movimentos sociais, ao empresariado moderno, à juventude, a acadêmicos e trabalhadores, para depois realizar uma convenção nacional. Todo esse processo levará duas semanas.
Alfredo Sirkis, presidente do PV no Rio de Janeiro e deputado federal eleito afirmou ao DCI que durante as próximas duas semanas, deverá ser formulada uma plataforma programática mínima. "Vamos puxar um programa mínimo, obrigando os dois empedernidos desenvolvimentistas a trabalharem com a ideia da sustentabilidade", afirma.
Um dos pontos que gera mais polêmica é a construção da hidrelétrica de Belo Monte. A obra é questionada por especialistas e ambientalistas pelo grande impacto social e ambiental que trará, além de não apresentar garantias de que irá trazer retorno financeiro.
Durante sabatina dos presidenciáveis no Fórum Amazônia Sustentável, Marisa Silva disse, que, se eleita, faria um diferencial na condução da política de infraestrutura na Amazônia. Ela criticou duramente a usina de Belo Monte e afirmou que pretendia colocar os impactos sociais e ambientais causados à população como critério de prioridade na análise dos projetos.
Às vésperas das eleições, Dilma e Serra declaram que são a favor da construção da usina de Belo Monte, apoiados nos argumentos da "necessidade de geração de energia e do desenvolvimento econômico da região", onde será construída, numa uma área de 516 km², no território de cinco municípios paraenses.
Plataforma
Os pontos que podem ser apresentados foram debatidos durante a campanha que começou com o Movimento Marina Silva, pedindo a candidatura da senadora de maneira apartidária na internet, antes de ela deixar o PT. Ao final estão mais de 45 mil membros inscritos no site que debateram e construíram o programa que agora começa a ser estudado pelas equipes de Dilma e de Serra.
O DCI apurou os pontos principais que podem entrar na plataforma. "São eles: 7% para educação no orçamento, meio ambiente no centro da economia brasileira, o Ministério do Meio Ambiente mais ativo no planejamento da infraestrutura, incentivos fiscais para uma economia de baixo carbono e para empregos verde, regulamentação da emenda 29 na saúde, universalização do saneamento básico, transparência nos critérios de investimento do BNDES, democracia participativa ampliada com mais plebiscitos temáticos, leilões de energia solar e eólica priorizados no Plano Decenal de Expansão Energética, suspensão das novas centrais nucleares, Código Florestal mantido integral com política nacional para a economia florestal, reforma política com financiamento público de campanha, programa "Minha Casa, Minha Vida" com estímulo a construções ecológicas e auto-suficientes, revisão de projetos de alto impacto em áreas indígenas como Belo Monte e outras hidroelétricas amazônicas".
(Amazonia.org.br, 07/10/2010)